São Paulo, 21 - O economista Marcos Lisboa, presidente do Insper e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, se espantou com a aprovação nesta terça-feira, 20, do projeto de renegociação das dívidas dos Estados sem as contrapartidas que tinham sido previamente acertadas. Querem empurrar a conta para o outro que vier lá na frente, na próxima eleição, disse ele.
Lisboa lembra que essa prática, foi responsável por aprofundar a crise atual e vai agravar ainda mais o cenário: Ao invés de quimioterapia, querem dar anestesia. Assim não tem cura.
A seguir trechos da entrevista que concedeu ao jornal
O Estado de S. Paulo
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Como o sr. viu a aprovação do pacote de socorro aos Estados sem as contrapartidas?
Com muita preocupação. A impressão é que desejam apenas aumentar o endividamento e transferir o problema para o outro que vier lá na frente, na próxima eleição. Vários Estados já são incapazes de pagar as suas despesas correntes e essas despesas vão continuar a crescer. Aí aparecem soluções como securitização de dívidas a receber, de royalties de petróleo.
Alguns deputados alegaram que as contrapartidas eram draconianas e feriam direitos trabalhistas. Como o sr. vê esses argumentos?
O que fere os direitos da sociedade é a falta de responsabilidade de gestores públicos que deixam os problemas atingirem o nível de gravidade que vemos hoje. Existe um componente surpreendente nessa crise. Há anos, o problema da previdência dos Estados é conhecido. Há anos, a gente sabe que muitos funcionários recebem acima do teto.
A expectativa agora é o presidente Michel Temer vete...
Da política, eu não sei. Sei é que o diagnóstico está errado desde o início. O problema dos Estados não são as dívidas. São as despesas crescentes, principalmente com a folha de pagamento e a Previdência.