Três mulheres, três esposas: uma jornalista, outra advogada, uma empresária. Em comum, ganharam com o casamento um estilo de vida glamoroso, mas cheio de perigo. Durante anos, Cláudia Cruz, mulher do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha; Adriana Ancelmo, casada com o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral; e Andressa Mendonça, parceira do bicheiro Carlinhos Cachoeira, se beneficiaram com a vida bandida dos maridos.
Joias caras, roupas de grifes badaladas, carros de luxo e tudo que o cartão de crédito, sem limites, podia comprar. Mas, em uma espécie de conto fadas ao inverso, viram o castelo de sonhos desmoronar com a série de operações policiais que investigam a corrupção no Brasil. Da noite para o amanhecer, literalmente, as rainhas da ostentação viram a carruagem se transformar em um camburão da Federal. Pularam das colunas sociais para as páginas policiais, tiveram os closets revirados, bens apreendidos, trocaram endereços nobres da Zona Sul carioca por uma cela no complexo penitenciário de Bangu, subúrbio do Rio.
E seguindo o figurino de outras mulheres de companheiros enrolados com a Justiça até a última echarpe Hermès, elas deixaram os modelitos cintilantes pelo pretinho básico na hora de prestar depoimentos à polícia ou visitar o marido na cadeia. No máximo, uma blusa branca para compor o “look”. Olhos atentos de quem vive no mercado luxuoso da moda enxergaram, porém, vestígios de quem se habituou à riqueza. Uma estilitista conhecida jura que Cláudia Cruz prestou depoimento ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, usando discretos brincos de diamante negro, uma das pedras mais caras do mundo.
Investigações da Operação Lava-Jato indicam que a mulher de Eduardo Cunha gastou mais de US$ 1 milhão (cerca de R$ 3,5 milhões) desviados da Petrobras em compras de luxo no exterior. Cláudia Cruz, que depois do escândalo envolvendo o marido mudou até a cor dos cabelos, de loiro para castanho, jamais escondeu os sinais de riqueza. Ao contrário, fazia questão de exibir artigos de marcas famosas, como Chanel e Louis Vuitton, em fotos nas redes sociais.
De uniforme Criada em uma família de classe média em Copacabana, Zona Sul do Rio, a advogada Adriana Ancelmo se deslumbrou com a vida milionária que passou a ter depois que o marido, Sérgio Cabral, chegou ao governo do Rio. Quem conviveu com Adriana, antes da mudança de status, atesta que ela era simples, sem afetação, mas não resistiu aos salões luxuosos e restaurantes finos da Europa. Presa no último dia 6, suspeita de lavar de dinheiro e fazer parte de organização criminosa, a mulher de Cabral trocou os trajes de grife por um uniforme prisional.
A empresária Andressa Mendonça, mulher de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, condenado por chefiar um esquema de exploração de jogos ilegais e corrupção em Goiás e no Distrito Federal, apostou na dobradinha branco e preto durante depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) que apurou, no Congresso Nacional, denúncias de corrupção ligadas ao contraventor. Andressa chamou a atenção pela beleza e foi chamada de “musa da CPI”. Acostumada às idas e vindas do marido para a cadeia, Andressa desistiu da sobriedade no vestir e sensualiza em fotos no Facebook.
Moda na política Para a especialista em cultura da moda Karla Beatriz, 35, “a roupa fala antes de se pronunciar qualquer palavra. Por isso, as pessoas recorrem às cores claras e escuras quando desejam passar a imagem de sobriedade”. No caso das mulheres de políticos e homens enrascados com as leis, o objetivo seria “descolar” da imagem de ostentação que construíram ao lado dos maridos. As esposas, acrescenta a especialista, “não querem ser vinculadas aos crimes dos companheiros”.
Autora de um trabalho de graduação que analisou a transformação nas roupas usadas pela ex-presidente Dilma Roussef, Karla Beatriz diz que as denúncias de corrupção provocam uma ruptura no estilo de vida dos envolvidos e, consequentemente, no estilo de roupa e acessórios. Vestidos exuberantes ficam no armário, brincos e anéis chamativos saem de cena, por escolha ou apreensão pela Polícia Federal. Segundo a perita em moda, a ostentação é um vício que vai além do excesso de consumo. “Não basta comprar, tem que mostrar.”
Saiba mais
O Preto & Coco Chanel
Sinônimo de elegância, o look preto e branco (PB) está associado à masion francesa Chanel, que incorporou a combinação ao vestuário feminino, na década de 1930, e transformou a dupla em moda de sucesso. O preto é a cor do mistério e está associado à ideia de morte, de luto e de terror. Para o mundo da moda, o preto transmite dignidade, austeridade, além de demonstrar sofisticação, luxo e poder.
Joias caras, roupas de grifes badaladas, carros de luxo e tudo que o cartão de crédito, sem limites, podia comprar. Mas, em uma espécie de conto fadas ao inverso, viram o castelo de sonhos desmoronar com a série de operações policiais que investigam a corrupção no Brasil. Da noite para o amanhecer, literalmente, as rainhas da ostentação viram a carruagem se transformar em um camburão da Federal. Pularam das colunas sociais para as páginas policiais, tiveram os closets revirados, bens apreendidos, trocaram endereços nobres da Zona Sul carioca por uma cela no complexo penitenciário de Bangu, subúrbio do Rio.
E seguindo o figurino de outras mulheres de companheiros enrolados com a Justiça até a última echarpe Hermès, elas deixaram os modelitos cintilantes pelo pretinho básico na hora de prestar depoimentos à polícia ou visitar o marido na cadeia. No máximo, uma blusa branca para compor o “look”. Olhos atentos de quem vive no mercado luxuoso da moda enxergaram, porém, vestígios de quem se habituou à riqueza. Uma estilitista conhecida jura que Cláudia Cruz prestou depoimento ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, usando discretos brincos de diamante negro, uma das pedras mais caras do mundo.
Investigações da Operação Lava-Jato indicam que a mulher de Eduardo Cunha gastou mais de US$ 1 milhão (cerca de R$ 3,5 milhões) desviados da Petrobras em compras de luxo no exterior. Cláudia Cruz, que depois do escândalo envolvendo o marido mudou até a cor dos cabelos, de loiro para castanho, jamais escondeu os sinais de riqueza. Ao contrário, fazia questão de exibir artigos de marcas famosas, como Chanel e Louis Vuitton, em fotos nas redes sociais.
De uniforme Criada em uma família de classe média em Copacabana, Zona Sul do Rio, a advogada Adriana Ancelmo se deslumbrou com a vida milionária que passou a ter depois que o marido, Sérgio Cabral, chegou ao governo do Rio. Quem conviveu com Adriana, antes da mudança de status, atesta que ela era simples, sem afetação, mas não resistiu aos salões luxuosos e restaurantes finos da Europa. Presa no último dia 6, suspeita de lavar de dinheiro e fazer parte de organização criminosa, a mulher de Cabral trocou os trajes de grife por um uniforme prisional.
A empresária Andressa Mendonça, mulher de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, condenado por chefiar um esquema de exploração de jogos ilegais e corrupção em Goiás e no Distrito Federal, apostou na dobradinha branco e preto durante depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) que apurou, no Congresso Nacional, denúncias de corrupção ligadas ao contraventor. Andressa chamou a atenção pela beleza e foi chamada de “musa da CPI”. Acostumada às idas e vindas do marido para a cadeia, Andressa desistiu da sobriedade no vestir e sensualiza em fotos no Facebook.
Moda na política Para a especialista em cultura da moda Karla Beatriz, 35, “a roupa fala antes de se pronunciar qualquer palavra. Por isso, as pessoas recorrem às cores claras e escuras quando desejam passar a imagem de sobriedade”. No caso das mulheres de políticos e homens enrascados com as leis, o objetivo seria “descolar” da imagem de ostentação que construíram ao lado dos maridos. As esposas, acrescenta a especialista, “não querem ser vinculadas aos crimes dos companheiros”.
Autora de um trabalho de graduação que analisou a transformação nas roupas usadas pela ex-presidente Dilma Roussef, Karla Beatriz diz que as denúncias de corrupção provocam uma ruptura no estilo de vida dos envolvidos e, consequentemente, no estilo de roupa e acessórios. Vestidos exuberantes ficam no armário, brincos e anéis chamativos saem de cena, por escolha ou apreensão pela Polícia Federal. Segundo a perita em moda, a ostentação é um vício que vai além do excesso de consumo. “Não basta comprar, tem que mostrar.”
Saiba mais
O Preto & Coco Chanel
Sinônimo de elegância, o look preto e branco (PB) está associado à masion francesa Chanel, que incorporou a combinação ao vestuário feminino, na década de 1930, e transformou a dupla em moda de sucesso. O preto é a cor do mistério e está associado à ideia de morte, de luto e de terror. Para o mundo da moda, o preto transmite dignidade, austeridade, além de demonstrar sofisticação, luxo e poder.