São Paulo, 26 - O presidente Michel Temer termina o ano com a maior taxa de governismo já registrada na história recente da Câmara dos Deputados. Segundo dados do Basômetro, do
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, os deputados votaram seguindo a orientação do governo em 88% das votações nominais que ocorreram em plenário em seus primeiros sete meses de gestão. No mesmo período do segundo mandato da presidente cassada Dilma Rousseff, a taxa de governismo média foi de 63%.
A adesão ao governo é praticamente unânime na base aliada. O PMDB, por exemplo, que tem a maior bancada da Casa, registra uma taxa de apoio a Temer de 97% - a mesma do PSDB, que tem o terceiro maior número de deputados. Só cinco partidos - PT, PDT, PCdoB, PSOL e Rede - votam em oposição ao governo na maioria das vezes.
Para líderes governistas ouvidos pelo jornal
O Estado de S. Paulo
, o passado de Temer como presidente da Câmara, além da confiança na equipe econômica, são essenciais para explicar o alto nível de adesão. “No nosso caso, o fato de o presidente ser do PMDB é um diferencial. Mas, mais do que isso, sua formação e vivência no Congresso são essenciais. Ele é acessível, sabe escutar e leva nossas opiniões em consideração”, diz o líder do PMDB, Baleia Rossi (SP).
Além do alto nível de governismo, houve outra mudança importante no comportamento dos deputados. Apesar da crise econômica e das delações premiadas da Operação Lava Jato, as legendas voltaram a se comportar da maneira que haviam feito por quase todo o período democrático recente, ou seja: como partidos coesos, cujos deputados obedecem aos seus líderes partidários.
Na escala de dispersão feita pelo
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, em que zero significa que todos os deputados de um mesmo partido votam sempre exatamente igual, o índice chegou a 8,3 no auge da crise política do segundo mandato de Dilma, o período parlamentar mais caótico desde 2003. Atualmente, o índice de dispersão intrapartidária na Câmara caiu para menos da metade: 3,9.
Para o professor de Políticas Públicas da Universidade Federal do ABC (UFABC) Ivan Fernandes, a alta coesão e governismo dos partidos corroboram a tese de que nosso sistema de governo é muito mais parecido com o parlamentarismo do que se imagina. “A diferença maior entre dois países não está no seu sistema de governo, mas, sim, se ele é bi ou multipartidário. No segundo caso, que é o nosso, a importância das coalizões é enorme, assim como no parlamentarismo.”
Ele diz que há dois principais incentivos para que um partido entre na coalizão governista: a adoção de políticas mais próximas de sua ideologia e a obtenção de cargos com capacidade de decisão. “No governo Dilma, não houve concessão nem de um nem de outro. Mas com Temer, é tudo diferente. Ele formula as políticas públicas do governo e a estratégia de nomeação de cargos sempre em negociação com o Congresso”, diz Fernandes
Isso significa que será fácil para o governo aprovar sua agenda legislativa em 2017, recheada de reformas impopulares, como a da Previdência e a trabalhista? Para Fernandes, não. Segundo ele, uma coalizão forte vira um rolo compressor, mas nesses casos há custos claros de curto prazo e grupos de interesse contrários bem organizados. “Dada a relação de Temer com o Congresso, é provável que ele acabe conseguindo aprová-las, mas não do jeito exato que elas foram enviadas.”
O líder do PMDB considera que a tarefa será mais simples. “A base vai continuar coesa. As medidas são polêmicas, não são eleitoreiras, mas são essenciais para o Brasil”, afirma Rossi.
Derrota
Apesar do otimismo do deputado, no último dia de votações na Câmara, na terça-feira, 20, o governo sofreu uma derrota pontual e importante. Os deputados aprovaram sem contrapartidas a renegociação das dívidas dos Estados, o que beneficiou os governadores. O PMDB, partido de Temer, deu o maior número de votos favoráveis à medida - 47 dos 50 deputados que votaram contrariaram os interesses do governo. O projeto de lei aguarda sanção ou veto do presidente. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo
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