O prefeito de Montes Claros (de 384 mil habitantes, Norte de Minas), Humberto Souto (PPS), no seu primeiro ato após tomar posse, ao meio-dia de ontem, assinou um decreto de calamidade financeira no município. No documento, contam também medidas de contenção de despesas, entre elas a redução de 20% das nomeações de cargos comissionados na prefeitura. Ele também anunciou que haverá demissões de contratados da prefeitura.
Souto disse que dos 4.700 servidores não concursados que foram dispensados em dezembro, somente serão readmitidas “aquelas pessoas estritamente necessárias”. O decreto prevê ainda a suspensão de pagamentos de gratificações. Souto justificou que recebeu a prefeitura em um verdadeiro caos financeiro, devendo a folha de pagamento dos salários dos servidores de dezembro e sem saber como vai arrumar recursos para quitá-la. Alegou que se não demitir servidores e reduzir a folha de pagamento, “não terá dinheiro nem para tapar buracos nas ruas”.
“Vamos começar por 20% dos cargos em comissão, mas se 20% não for suficiente, vamos ampliar os cortes”, assegurou o novo prefeito. Os 20% dos postos comissionados equivalem a 100 dos cerca de 500 cargos que a administração municipal tem atualmente. Ele anunciou ainda uma auditoria nas contas da gestão anterior.
Dificuldades Entre os prefeitos de todo país empossados ontem, Humberto Souto é um dos mais experientes na vida pública. Aos 82 anos, é ministro aposentado do Tribunal de Contas da União (TCU) e foi deputado federal por oito mandatos. No início da carreira política, foi vereador e deputado estadual (um mandato).
Ao falar da gravidade financeira na administração municipal, disse que já está “acostumado” com dificuldades e lembrou o período em que foi líder do governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello, que sofreu um processo de impeachment em 1992. “Estou acostumado a enfrentar dificuldades. Fui um líder de um governo cujo presidente foi impedido”, disse. Sem promessas, Souto fez um discurso de austeridade