Os prefeitos, ao tomarem posse, costumam anunciar obras e ações que pretendem fazer ao longo do mandato. Mas, o novo chefe do executivo de Montes Claros (Norte de Minas), Humberto Souto (PPS), ao assumir o posto neste domingo, fez discurso contrário. Ele afirmou que, desde sua campanha eleitoral “não prometeu nada” em função da gravidade da situação financeira do município e que adotou esta postura para não permanecer no “discurso vazio dos políticos irresponsáveis”.
“Na minha campanha, sabendo das dificuldades que iria encontrar (na prefeitura) – e sabendo que iria ganhar a eleição, eu tive o cuidado de não prometer nada. Não prometi uma obra. Nao disse que iria asfaltar a cidade inteira. Eu não disse que iria construir trincheiras e viadutos ou que iria construir as escolas e todos os hospitais que são necessários”, afirmou o novo prefeito da quinta maior cidade de Minas.
Ex-ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) e ex-deputado federal (oito mandatos), Humberto Souto, de 82 anos, afirmou que somente aceitou ser candidato a prefeito se pudesse acabar com “o velho costume da “politicagem”. “Só decidir ser (candidato) se pudesse quebrar paradigmas, quebrar o velho costume da politicagem. Só posso fazer isso dando (bons) exemplos. Mostrando que prefeito não é para fazer benesses para pessoas, não é para promover suas famílias. Não é para fazer a velha politica”. É a primeira vez que ele assume o cargo de chefe do executivo.
Nesse sentido, lembrou que pretende ter uma boa relação com a Câmara de Vereadores da cidade. Mas, “não vamos fazer barganha do “toma lá, dá cá”, na imoralidade que tomou conta deste país”. A frase foi entendida como um recado aos vereadores do município que se acostumaram a indicar apadrinhados para ocupar cargos na prefeitura em troca do apoio a projetos do Executivo na Câmara.
POLÊMICA
No seu discurso de posse, na Câmara Municipal, Humberto Souto disse que recebeu informações de que a prefeitura não pagou os salários dos servidores de dezembro que a gestão anterior não deixou recursos nos “restos a pagar” suficientes para quitar a folha de pagamento, contrariando a Lei de Responsabilidade Fiscal. A informação levantou polêmica durante a solenidade de transmissão de cargo, realizada em frente ao prédio da prefeitura, logo após a posse na Câmara de Vereadores, quando o ex-prefeito José Vicente Medeiros (PMDB) rebateu a informação de Souto sobre o suposto “caos financeiro” do município.O ex-prefeito afirmou que embora não tenha quitado a folha de dezembro, deixou créditos no Tesouro e recursos de transferências federais para educação e saúde, além do dinheiro oriundo da repatriação (da ordem de R$ 4,5 milhões), enviado Governo Federal. José Vicente governou por oito meses- era vice-prefeito e assumiu em 18 de abril, com o afastamento do titular, Ruy Muniz, que, na ocasião, foi preso, pela suspeita de prejudicar hospitais do SUS na cidade para favorecer hospital ligado ao grupo educacional da família dele.
“O Humberto Souto vai encontrar uma prefeitura fácil de governar”, disse José Vicente. Imediatamente, pessoas da plateia, correligionário de Souto, vaiaram. Ai, o ex-prefeito emendou: “”mas se for difícil, o Humberto Souto vai saber administrar também”. Ele levantou risos do publico. Mesmo diante do “testemunho” de José Vicente, em um rápido discurso após a transmissão de posse, o novo prefeito reiterou que, “infelizmente”, as informações que recebeu apontam uma “situação caótica e difícil“ na prefeitura.