A Câmara Municipal de Caratinga, no Vale do Rio Doce, foi palco nesta terça-feira de uma posse inusitada. Reeleito vereador, Ronilson Marcílio Alves (PTB), 42 anos, chegou à sede do Legislativo local algemado, sob escolta policial e vestindo uniforme do sistema prisional para ser empossado. Ronilson está preso no presídio da cidade, desde 19 de dezembro passado, acusado de extorsão contra um padre. O processo segue em segredo de Justiça. Outras três pessoas também foram presas sob a mesma acusação.
Antes de tomar posse, Ronilson foi diplomado por procuração pelo Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE/ MG) para que pudesse tomar posse. O vereador só não tomou posse no dia 1º, dia que ocorreu em todo o país a posse de todos os eleitos em outubro passado, com medo de protestos de populares.
Segundo Regimento Interno da Câmara de Caratinga, os vereadores que não tomam posse no dia previsto pela Justiça Eleitoral têm até 10 dias para fazê-lo com a presença do presidente da Casa.
O advogado Dário Júnior informou que já impetrou um habeas corpus em favor de Ronilson, no Superior Tribunal de Justiça (STJ).O Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJMG) já negou o mesmo pedido feito pela defesa do vereador.
Ronilson tomou posse e depois voltou para o presídio. De acordo com o advogado dele, ele tem a prerrogativa de tirar uma licença não remunerada de até 120 dias sem perder o mandato. Durante este período, a defesa do vereador espera já ter conseguido colocá-lo em liberdade.
Bolso cheio
Ronilson foi preso em Cordeiro, na Região Serrana do Rio de Janeiro, onde estava foragido, após a Justiça decretar um mandado de prisão preventiva contra ele. O vereador Ronilson e outros três investigados na Operação Bolso Cheio da Polícia Civil foram indiciados pelos crimes de extorsão e organização criminosa.
A Operação Bolso Cheio da Polícia Civil foi realizada em 29 de novembro. A operação investigou uma suposta organização criminosa suspeita de chantagear uma vítima, exigindo dinheiro, para que um vídeo íntimo não fosse divulgado. As investigações apontaram que os investigados teriam exigido inicialmente R$ 200 mil para não divulgarem o conteúdo do vídeo.