Durante o tempo em que permaneceu na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) passou a exercer voz de comando e organizar os afazeres do dia no local, segundo investigadores.
Enquanto esteve em Curitiba, conviveu com Olívio Rodrigues e Luiz Eduardo Soares, dois delatores que atuaram no Setor de Operações Estruturadas, o departamento da propina da Odebrecht. Ambos foram soltos no mesmo dia em que Cunha foi transferido para o Complexo Médico-Penal de São José dos Pinhais.
A defesa do peemedebista foi contrária à mudança. Reclamou que implicaria contato mais restrito com os advogados e, em recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que a transferência para o presídio tinha o objetivo de pressioná-lo a fazer um acordo de delação premiada.
Incomodado com o andamento de seus processos, Cunha decidiu se dedicar exclusivamente a estudar sua defesa e orientar os advogados.
Livro
O peemedebista abandonou, por tempo indeterminado, a ideia de escrever um livro, que, segundo ele, contaria os bastidores do impeachment da petista Dilma Rousseff e seria seu "presente de Natal" aos inimigos políticos.
Envolvido com os detalhes da defesa, Cunha chegou a comentar com interlocutores que embora discorde das decisões do juiz Sérgio Moro e do modo como o magistrado atua no processo, enxerga nele um profissional bem preparado. Segundo relatos, o peemedebista percebeu que o juiz que comanda a Lava Jato lê todas as longas petições e disse que Moro se diferencia dos demais magistrados pela "inteligência".
Sobre a disputa entre sua defesa e os acusadores, Cunha tem dito que alcançou vitórias, em especial, ao ver tanto as testemunhas de acusação como as de defesa negarem sua responsabilidade na nomeação de Jorge Zelada para a diretoria de Internacional da Petrobras.
Conforme relato do deputado cassado a interlocutores, isso exclui o ato de ofício necessário para imputação do crime de corrupção.