No texto sobre "Estrutura e funcionamento" do PT, o ex-deputado Renato Simões admite que o partido "deslocou-se para o centro" e "deixou vago o espaço político da esquerda".
Na tese "Luta contra a corrupção", Valter Pomar afirma que o partido se "aburguesou" e ignorou os sinais de corrupção de alguns filiados.
'Não agressão'
Em "Balanço de Governo", o secretário de Formação, Carlos Árabe, e o cientista político André Singer argumentam que o distanciamento entre as propostas originais do PT e a prática de governo começou em 2002, com a "Carta ao Povo Brasileiro", antes do início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo eles, o governo Lula adotou um "pacto de não agressão em relação aos capitalistas", um modelo de "reformismo fraco", e, em vez da "ruptura" defendida pelo partido, procurou "utilização intensiva das margens disponíveis para melhorar as condições de vida dos brasileiros de baixa renda, porém sem confrontar o capital".
Na tese, Singer e Árabe dizem que o primeiro mandato de Dilma se aproximou mais das bandeiras históricas petistas do que a gestão Lula, mas admite que "infelizmente, decisões equivocadas da própria companheira Dilma fizeram com que o pleno emprego fosse abalado por um ajuste recessivo no correr do segundo mandato".
O documento, no entanto, defende que a "guinada neoliberal" de Dilma a partir de 2015 tem como precedente a "Carta ao Povo Brasileiro" e a política conciliatória adotada por Lula entre 2002 e 2010.
Apesar da autocrítica, os textos destacam a necessidade de o partido capitalizar os feitos dos governos Lula e Dilma. .