A possibilidade de que a delação da Odebrecht, que envolve cerca de 200 políticos, seja tornada pública em fevereiro não deve mais ocorrer, ressaltam os analistas da Eurasia responsáveis por Brasil, Christopher Garman, João Augusto de Castro Neves e Filipe Gruppelli Carvalho, nesta quinta-feira.
Para a Eurasia, em teoria, um outro ministro do Supremo pode tomar as decisões da Lava-Jato até que um substituto de Zavascki seja escolhido pelo presidente Michel Temer. Mas é pouco provável que isso ocorra com as questões ligadas ao caso da Odebrecht, escrevem em um relatório. A nomeação do substituto pode levar algum tempo, acrescentam.
O relatório ressalta que esse atraso no caso da Odebrecht pode representar uma "janela parcial" para o avanço das reformas no Congresso sem que novas turbulências políticas ocorram em Brasília por causa da delação da construtora. O atraso pode fazer as revelações demorarem um mês ou mais para aparecerem, avaliam os analistas.
A Eurasia, porém, não espera que a Lava-Jato sofra um "retrocesso material" com o falecimento do magistrado. "Haverá tremenda pressão dentro do Tribunal, e na opinião pública, para manter as investigações vivas", afiram os analistas no relatório. Para eles, mesmo se Temer demorar a escolher um substituto, o STF pode acabar optando por transferir a Lava-Jato para outro ministro da Corte.
Outro ponto discutido pela Eurasia é que qualquer indício de "jogo sujo" no acidente que matou Zavascki pode estimular o STF a ser ainda mais duro com os próximos passos da Lava-Jato, um forma de tentar mostrar à opinião pública que as investigações não correm risco de acabar.
"Mais amplamente, sentimos que o ímpeto em favor das investigações da Lava-Jato cresceu até um ponto de inflexão onde uma reversão significativa é improvável", afirmam os analistas, destacando que não planejam reduzir a probabilidade de Temer não terminar o mandato, atualmente de 20%..