Washington - A morte do ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, vai adiar o andamento da Operação Lava-Jato, mas não deve enfraquecer as investigações, avalia a consultoria de risco político Eurasia, com sede em Nova York.
Para a Eurasia, em teoria, um outro ministro do Supremo pode tomar as decisões da Lava-Jato até que um substituto de Zavascki seja escolhido pelo presidente Michel Temer. Mas é pouco provável que isso ocorra com as questões ligadas ao caso da Odebrecht, escrevem em um relatório. A nomeação do substituto pode levar algum tempo, acrescentam.
O relatório ressalta que esse atraso no caso da Odebrecht pode representar uma "janela parcial" para o avanço das reformas no Congresso sem que novas turbulências políticas ocorram em Brasília por causa da delação da construtora. O atraso pode fazer as revelações demorarem um mês ou mais para aparecerem, avaliam os analistas.
A Eurasia, porém, não espera que a Lava-Jato sofra um "retrocesso material" com o falecimento do magistrado. "Haverá tremenda pressão dentro do Tribunal, e na opinião pública, para manter as investigações vivas", afiram os analistas no relatório. Para eles, mesmo se Temer demorar a escolher um substituto, o STF pode acabar optando por transferir a Lava-Jato para outro ministro da Corte.
Outro ponto discutido pela Eurasia é que qualquer indício de "jogo sujo" no acidente que matou Zavascki pode estimular o STF a ser ainda mais duro com os próximos passos da Lava-Jato, um forma de tentar mostrar à opinião pública que as investigações não correm risco de acabar.
"Mais amplamente, sentimos que o ímpeto em favor das investigações da Lava-Jato cresceu até um ponto de inflexão onde uma reversão significativa é improvável", afirmam os analistas, destacando que não planejam reduzir a probabilidade de Temer não terminar o mandato, atualmente de 20%.