Mortes de JK, João Goulart e Carlos Lacerda inspiram livro

O romance 'O beijo da morte' trata das teorias da conspiração sobre os políticos, falecidos em um intervalo de apenas nove meses

Paulo Nogueira
Teorias da conspiração dão o tom do romance-reportagem O beijo da morte, dos escritores Carlos Heitor Cony e Anna Lee, lançado em 2003 (Editora Objetiva).
O protagonista é obcecado pelo mistério da morte dos ex-presidentes Juscelino Kubitschek (1902-1976) e João Goulart (1918-1976) e do ex-governador da Guanabara Carlos Lacerda (1914-1977).

Em plena ditadura militar, o desaparecimento dos três ilutres brasileiros num intervalo de apenas nove meses (JK morreu em 22 agosto de 1976, Jango em 6 de dezembro do mesmo ano e Lacerda em 21 de maio de 1977) levantou suspeitas. Os líderes da  Frente Ampla (formada por  Lacerda e seus antigos adversários JK e Jango para enfrentar o regime militar) teriam sido  vítimas de conspiração latino-americana, ao estilo Operação Condor, por reunir a oposição pela volta da democracia? Ou seja, não teriam morrido de acidente, infarto e septicemia, respectivamente.

“Apesar das provas existentes, que dão como natural a morte dos três líderes, sempre duvidei das conclusões oficiais, e não apenas nesse assunto, mas na história em geral, que é uma sucessão de casos obscuros e mal resolvidos”, disse Cony, um dos mais respeitados escritores brasileiros, à época do lançamento do livro.

Agora, a morte do ministro Teori Zavascki também dá o que falar. “De duas uma: a morte do ministro Teori Zavascki foi crime ou fatalidade? Relator de um processo que configura o maior escândalo dos tempos atuais, ele era um alvo ostensivo para todos os possíveis mandantes que possam ter forjado um acidente aéreo que demorará um pouco para ser elucidado”, argumenta Cony, em artigo publicado na Folha de S.Paulo.

“Há precedentes históricos, em que crimes suculentos foram transformados em pizzas igualmente suculentas. Por ora, não se pode culpar ou absolver os políticos ou empresários que teriam interesse em eliminar o homem que poderia botar muita gente atrás das grades”, completa o escritor..