Quatro dias após o Diretório Nacional do PT orientar as bancadas na Câmara e no Senado a dar prioridade à participação do partido nas mesas das Casas, o Muda PT, grupo que reúne as cinco maiores correntes de esquerda da legenda, decidiu contrariar a direção. O grupo deu início a uma campanha para tentar constranger os parlamentares petistas e, assim, evitar que eles votem em candidatos que tenham apoiado o processo de impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff.
Setores das bancadas argumentam que, sem o apoio aos dois integrantes da base do governo Michel Temer, será difícil fazer cumprir o critério da proporcionalidade que daria ao partido o direito de indicar nomes para as direções das Casas.
Em um texto tortuoso, o Diretório Nacional determinou que a prioridade são os cargos dirigentes e liberou as bancadas a votar em apoiadores do impeachment de Dilma.
'Constrangimento'
"Nosso objetivo é ganhar a maioria nas bancadas e impedir o apoio aos golpistas. Até a eleição (na semana que vem) achamos que podemos acumular força para reverter a situação por constrangimento", disse o secretário de Formação, Carlos Árabe, representante da Mensagem na direção petista. Questionado se a campanha do Muda PT contraria a decisão partidária, ele respondeu: "Contraria em termos, não é uma insubordinação".
Segundo o líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP), a bancada se reunirá nesta quarta-feira, 25, para decidir como se posicionar. "O movimento do Muda PT não coloca em risco a orientação da direção. É muito fraco", disse Zarattini.
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, não quis comentar se a posição do Muda PT configura infração disciplinar.