A chacina de Unaí completa neste sábado 13 anos sem a prisão dos mandantes e intermediários do crime, apesar deles já terem sido condenados pela Justiça Federal. Em outubro de 2015, o Tribunal Regional Federal de Minas Gerais condenou os fazendeiros e irmãos Antério Mânica, ex-prefeito de Unaí, e Norberto Mânica, e os empresários cerealistas Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro como responsáveis pelo mando do crime e pela contratação dos pistoleiros que assassinaram a tiros três auditores-fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho, em uma emboscada em Unaí, no sudoeste mineiro.
Eles trabalhavam na fiscalização de fazendas no município, grande produtor de feijão, suspeitas de contratação irregular de trabalhadores. Os quatro foram condenados a penas próximas a 100 anos de prisão em regime fechado. Na condição de réu e delator, Hugo teve sua pena atenuada, recebendo uma sentença de 46 anos de reclusão. No entanto, todos recorreram da decisão na segunda instância e até hoje os recursos não foram julgados.
No dia 25, o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores-fiscais do Trabalho (Sinait), Carlos Silva, as viúvas dos auditores e o chefe de relações sindicais do governo de Minas, Carlos Calazans, que na época da chacina era o superintende-regional do Ministério do Trabalho em Minas, estiveram em Brasília com o presidente da Justiça Federal, desembargador Hilton Queiróz para cobrar celeridade nesse julgamento. No entanto, segundo Calazans, não há previsão para que isso aconteça.
O temor da família das vítimas e do Sinait, de acordo com Calazans, é que nenhum dos mandantes seja preso este ano e os executores do crime ainda sejam liberados. “Os executores da chacina podem ganhar liberdade este ano por causa da progressão da pena e os mandantes podem não ser presos, ou seja, podemos ter em 2017 todos os envolvidos nessa chacina bárbara, soltos”. Os condenados entraram com recursos pedindo o cancelamento do julgamento feito em Belo Horizonte para que haja um novo juri em Unaí, onde a chance de serem absolvidos é bem maior por causa da influência do poder econômico e político.
>> Ato contra a impunidade
Na próxima segunda, em frente a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), na rua Tamoios, no centro da capital mineira, vai acontecer um ato contra a impunidade dos envolvidos na chacina, crime de repercussão internacional devido a violência com que os trabalhadores foram mortos. Todos foram executados sumariamente com diversos tiros, em uma estrada vicinal de Unaí.
Além desse ato, os auditores também tentam que o quarteirão fechado da rua Tamoios seja transformado em uma praça em homenagem aos trabalhadores assassinados e que o dia 28 de janeiro, data do crime, seja transformado pela Câmara de Belo Horizonte em dia municipal da luta pelo trabalho decente. De acordo com Calazans, as tratativas nesse sentido estão sendo feitas com os vereadores e com os governos do estado e do município.