A prisão de Eike Batista levará as investigações da Lava-Jato para os financiamentos liberados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com juros subsidiados, a diversas empresas durante o governos Lula e Dilma. Entre 2003 e 2014, o BNDES disponibilizou R$ 10 bilhões para as empresas de Eike.
O BNDES alega sigilo bancário para não especificar os nomes das empresas contratantes, volume amortizado e os empreendimentos financiados com esses recursos.
Com a prisão de Eike, parte da caixa-preta que manteve sigilosas as operações do banco entre 2003 e 2014 sigilosas poderá ser levantado. Por enquanto, a Lava-Jato se concentrou em analisar contratos da Petrobras com empreiteiras e outras agentes econômicos.
Mesmo de forma incipiente, a atuação do banco já estava na mira. Criada para financiar projetos estratégicos, a instituição acabou usada para troca de favores questionáveis entre o setor público e o privado, na avaliação de policiais federais e procuradores.
A Lava-Jato descobriu, por exemplo, que a OSX e a empreiteira Mendes Júnior formaram um consórcio chamado Integra, para construir duas plataformas de exploração do pré-sal em 2011. A Petrobras acertou pagar US$ 922 milhões (R$ 2,97 bilhões) às empresas. Na época, o consórcio repassou R$ 6 milhões para empresas ligadas a José Dirceu e seus assessores.
Além disso, a Mendes Júnior enviou outros R$ 7,39 milhões para a conta do operador do PMDB João Augusto Henriques, ligado ao ex-deputado Eduardo Cunha (RJ). Ambos estão presos. O ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho nega as suspeitas. Ele sempre afirmou que todos os empréstimos foram feitos levando-se em conta uma avaliação estritamente técnica.