Eike vai prestar depoimento à PF hoje e é candidato fazer a delação premiada

O empresário deve falar sobre o esquema de propina pago ao ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, também preso em Bangu

Juliana Cipriani
O empresário fez mistério sobre um possível acordo de delação - Foto: SERGIO MORAES

O empresário Eike Batista deixará o presídio de Bangu 9 nesta terça-feira, mas somente por algumas horas. Ele presta depoimento no início da tarde na sede da Polícia Federal, no centro do Rio de Janeiro. A expectativa em torno das informações que o ex-bilionário prestará é grande, já que ele é acusado de pagar propina ao ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB) e tinha relações próximas a vários políticos influentes.

Eike ainda não falou sobre uma possível colaboração, mas antes de voltar ao Brasil, no aeroporto de Nova York, fez ar de mistério quando questionado sobre o assunto. A delação pode significar benefícios em uma eventual pena para ele, caso seja condenado por participar de esquemas de corrupção. O empresário disse que só falaria à Justiça, quando questionado sobre as relações com governos.

A saída de Eike para prestar depoimento está prevista para 13h e ele deve ser ouvido por volta das 15h. A autorização foi dada pela juíza Débora Valle de Brito, da 7ª Vara Federal.

O empresário, que já foi considerado o homem mais rico do Brasil, é agora um dos candidatos a delatores da Operação Lava-Jato. Em 2006, Eike Batista procurou o Ministério Público Federal para falar de contratos das construções de plataformas da Petrobras que a OSX Naval operou em consórcio com a Mendes Júnior.
Os negócios assinados em 2012 foram da ordem de US$ 922 milhões.

Na época, Eike disse que a Lava-Jato está passando o Brasil a limpo e que é preciso ter atenção especial com as concessões de empréstimos pelo BNDES. As empresas do grupo do empresário foram beneficiadas com R$ 10 bilhões ao longo de 11 anos. Eike chegou a dizer que se colocava qualquer coisa como garantia para os pedidos de recursos, até uma fazenda que não vale nada.

Cabelo raspado e cela coletiva


O empresário voltou ao Brasil nesta segunda-feira e foi preso, inicialmente no presídio Ary Franco, e, na sequência, já de cabelo raspado seguiu para Bangu 9. Por não ter concluído o curso de engenharia, Eike foi para uma cela comum com seis presos. Ele está na unidade de Bangu em que ficam os detentos conhecidos como os da “faxina”.

A cela tem 15 metros quadrados e três beliches de concreto. Não há vaso sanitário e um cano de água fria é usado como chuveiro. Os detentos almoçam arroz ou macarrão, feijão, carne, frango ou peixe, salada, refresco e fruta ou doce de sobremesa. O lanche tem suco e bolo. O empresário terá direito a visitas. .