Baptista Chagas de Almeida
“This man was once brazil’s richest. He’s now in jail on bribery charges.” É o título: “Este homem já foi o mais rico do Brasil. Agora ele está preso acusado de pagar propina”. Em seguida vem no segundo parágrafo da matéria: “The BBC reports that Batista, who denies all allegations of wrongdoing, was arrested in Rio upon his arrival from New York on monday morning”. Bem, é tradução livre, mas vamos lá: ele nega ter feito acordo de delação premiada.
Já em um site, às 15h, o título era: “À espera de Eike, manifestantes protestam na frente da sede da PF no Rio”. Quantos eram? Melhor transcrever. Primeiro parágrafo da matéria: “Dois manifestantes aguardavam a chegada do empresário Eike Batista em frente à sede da Polícia Federal, na zona portuária do Rio de Janeiro no início da tarde desta terça-feira (31)”. Dois?
Melhor mudar de assunto. É que, ao contrário de Eike, Renan Calheiros (PMDB-AL), encrencado em várias delações, continua livre e solto e ainda foi eleito líder da bancada peemedebista no Senado. Como será que ele consegue tanto? Escapou de ser destituído da presidência do Senado, embora tenha saído da linha de sucessão na Presidência da República. Tem várias acusações contra ele, mas nada anda. Que carta terá na manga para tanta impunidade?
Bem, em dezembro do ano passado, não tem nem um mês ainda, o próprio Renan explicou o motivo. Disse que as denúncias contra ele foram feitas “na coxa” e que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, agiu “por vingança”. Qual vingança? O fato de os senadores terem rejeitado três nomes ligados ao Ministério Público para postos no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e no Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Vale registrar, a emenda ficou melhor que o soneto. Renan era cotado para presidir a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. O que tem a ver? É lá que é feita a avaliação sobre a indicação do ministro que vai substituir Teori Zavascki no Supremo Tribunal Federal (STF), antes de seguir para aprovação em plenário, em votação secreta.
Já na Operação Lava-Jato, onde, assim como Renan, não pode ser julgado, o “virtual” presidente do Senado Eunício Oliveira (PMDB-CE) foi citado pelo ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho, que o acusa de ter recebido propina. É que ele tem, em duas de suas empresas, contratos de R$ 703 milhões com bancos públicos controlados pela União. R$ 703 milhões, nada a acrescentar.
“Cartas marcadas”
Ainda sobre o texto que abre a coluna, duas declarações. “A tradição de que o partido maior indica (o presidente) faz com que o PMDB assuma toda a responsabilidade pelo nome”, de Álvaro Dias (PV-PR). E ainda falou de “cartas marcadas”. Tem mais, desta vez do colega de partido Roberto Requião (PMDB-PR): “Não vou entrar no jogo de eliminar a presunção de inocência”. E acrescentou que só a acusação de estar envolvido na delação da Odebrecht era suficiente para tirá-lo do jogo, ops, da disputa.
Cruzeiro marítimo
O presidente Michel Temer (PMDB) se confundiu em discurso que fez em Floresta, em Pernambuco, segunda-feira. Falou que aumentou em “10 bilhões de cruzeiros” os recursos para a educação no Orçamento da União para este ano. Bem, deve estar precisando de um cruzeiro marítimo para descansar um pouco, afinal, antes do real ainda tinha o cruzado. Vai voltar no tempo assim. Vale ressaltar que alguns estudantes chegaram a gritar “Fora, Temer”, mas, assim que ele discursou, calaram a boca. Melhor então copiar os estudantes e ficar calado sobre a gafe.
A voz do leitor
“Caro Baptista, não sei por que tanta implicância com o ‘tal site petista’. Dessa vez ele tem razão. Foi o golpe de OUTUBRO de 2014 que levou 4,3 milhões de famílias para as classes D e E. abraços, Roberto Boris Bogutchi, Betim – MG.”
Compromisso
“Recebemos o senador Aécio Neves e os prefeitos da região de Valadares e Teófilo Otoni e me comprometi atendê-los no pleito de um apoio financeiro. É muito útil para nós este diálogo com os prefeitos. Entender o que aconteceu para sanar os efeitos deste surto de febre amarela que atingiu Minas Gerais.” A frase é do ministro da Saúde, Ricardo Barros. E, claro, que Aécio fez questão de ressaltar: “Foi uma reunião extremamente produtiva. O ministro Ricardo Barros não apenas atendeu as demandas feitas pelos prefeitos, com envio de vacinas, como liberou recursos para suprir os gastos que tiveram na emergência da crise”. Em tempo: Aécio avisou que, até o fim desta semana ele e Barros vão à região, para anunciar esse aporte de recursos.
No batente
Depois de três semanas de descanso, o presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) e ex-prefeito de BH, Marcio Lacerda (PSB), voltou ao batente. Ontem, ele e prefeitos de capitais se reuniram com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia. Uma das reivindicações da FNP é que o STF dê prioridade ao julgamento de processos que envolvem os municípios. Hoje são cerca de 11 mil e podem significar a entrada de mais recursos para os cofres municipais. Sexta-feira, Lacerda vai ao Recife, onde abre uma série de reuniões preparatórias para o 4º Encontro dos Municípios com o Desenvolvimento Sustentável, evento que será no fim de abril.
PINGAFOGO
Sobre a voz do leitor da nota de hoje, nem iria comentar. Mas não deu para resistir e fazer de novo só o registro do “golpe”. Chamaram os militares?
Bem, para ser justo, quando Eike Batista chegou para depor, já eram 20 os manifestantes. Faz muita diferença não, a foto da manhã diz tudo, mas é preciso registrar. Aliás, tem outro registro.
Por que repetir? É que, por enquanto, Eike não fará delação premiada. Vale então repetir para acrescentar por enquanto.
Foi visitar o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha no Complexo Médico-Penal de Pinhais. Quem pagou a conta? Você, eu e todo mundo, os contribuintes. É que o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) usou dinheiro da verba de gabinete para ir ao Paraná.
Foi em 30 de dezembro do ano passado, Carlos Marun (foto) deve ter achado que ninguém iria perceber. E agora diz que foi “erro” de seu gabinete e que vai ressarcir a Câmara dos Deputados. Então, tá!