Em 31 dias no comando de Belo Horizonte, pode-se dizer que o prefeito Alexandre Kalil (PHS) já enfrentou de tudo: protestos na porta de seu prédio por ter apoiado o aumento da passagem de ônibus, críticas por ter defendido reajuste salarial para os vereadores e o primeiro escalão do governo, e o risco de um hospital público fechar as portas. Mas também recebeu apoio popular ao ter aberto as vagas de estacionamento no entorno do Mineirão e disponibilizado guardas municipais nos ônibus que percorrem as rotas mais perigosas da capital mineira.
Na relação com a Câmara Municipal perdeu a primeira batalha ao ver o seu candidato a presidente, Dr Nilton (PROS), ser derrotado na disputa pela Presidência da Casa, mas dias depois recebeu em seu gabinete os integrantes da Mesa Diretora, selando a paz entre o Executivo e Legislativo. Nesse meio tempo, vetou 18 leis aprovadas pelos vereadores em 2016, editou 25 decretos e surpreendeu os vereadores ao indicar Gilson Reis (PCdoB) como líder de governo na Casa. E respondeu a quem foi contra: “Líder é uma escolha pessoal”.
Ao assumir o cargo, anunciou cortes de cargos e exoneração de 2,8 mil servidores que ocupavam cargos comissionados na PBH. Mas, entre eles, incluiu sua toda a equipe de segurança, e no dia seguinte, teve que desfazer a demissão de dois oficiais de gabinete e cinco assessores de segurança.
Avesso a entrevistas a jornalistas desde a época em que presidia o Atlético Mineiro, Kalil tem preferido as redes sociais para dar seus recados. No dia 19, declarouno Twitter: “Não acreditem em nada. O prefeito fala por aqui.” Na sua página no Facebook, foram quatro posts – todos com milhares de curtidas e centenas de compartilhamentos – para anunciar medidas do governo. Entre elas, a garantia de funcionamento do metrô até as 2h da manhã durante o feriado de carnaval e alguns ensaios para a folia marcados para este mês.
Outro assunto que “bombou” foi a liberação do estacionamento nas ruas do entorno do estádio do Mineirão em dias de jogos. “A rua não tem dono. Vamos aos poucos mostrando como queremos governar para quem precisa”, escreveu o prefeito ontem no Twitter e Facebook, ao anunciar uma operação no local hoje durante a partida entre Atlético e Cruzeiro pela Primeira Liga.
E por falar em estacionamento, a cobrança dentro dos shoppings centers da capital virou assunto de Justiça. Decreto de Alexandre Kalil regulamentou lei aprovada no ano passado proibindo os centros comerciais e hipermercados de taxarem a estadia de até seis horas do cliente que realizar despesas correspondentes a pelo menos 10 vezes o valor do estacionamento. Mas a medida durou pouco. O Tribunal de Justiça mineiro concedeu uma liminar a um grupo de shoppings suspendendo os efeitos da legislação.
Na semana passada, a Prefeitura ainda garantiu que vai dobrar o repasse neste ano ao Hospital de Pronto-Socorro (HPS) Risoleta Tolentino Neves, em Venda Nova, de R$ 1,5 milhão para R$ 3 milhões. A instituição, que no segundo semestre do ano passado suspendeu o atendimento pediátrico, corria o risco de fechar as portas. Kalil afirmou que vai procurar os prefeitos de municípios da região metropolitana – que tradicionalmente enviam moradores para atendimento no local – para discutir formas de assegurar recursos para o hospital. “Quem não quiser participar, nós vamos mostrar a irresponsabilidade dele perante a sociedade”, completou.
Vetos Alexandre Kalil vetou 18 projetos de lei que foram aprovados pelos vereadores no ano passado e assinou 25 decretos, quase um por dia. Entre os vetos está o projeto que criaria o espaço cultural da praça da Savassi, destinado às atividades artísticas e culturais. Apesar de considerar a iniciativa “louvável”, Kalil justificou o veto afirmando que “cabe ao Poder Executivo o papel de administrar” e que a proposta “não deixa claro a quem incumbiria a responsabilidade, nem de onde viriam os recursos para o custeio da implantação”.
O prefeito vetou outras propostas que tratam do código de edificação do município; do tempo mínimo para a mudança na sinalização semafórica; da obrigatoriedade para os servidores públicos usarem crachás; além de outros projetos que alteravam nomes de ruas e praças. A maioria dos decretos trata de questões administrativas e orçamentárias, como mudanças nas competências de secretários e servidores municipais.