O senador Eunício de Oliveira (PMDB-CE), citado na Lava-Jato, foi eleito o novo presidente do Senado para os próximos dois anos. A eleição ocorreu na noite desta quarta-feira e o peemedebista foi escolhido com 61 votos contra 10 de José Medeiros (PSD-MT). Foram registrados 10 votos em branco. Com a saída da presidência, Renan Calheiros (PMDB-AL) passará a ser o líder do partido na Casa.
Em sua primeira fala, ele destacou a necessidade de "consenso" na Casa e se afrmou que colocará suas habilidades à disposição. "Quero oferece a essa Casa toda a minha capacidade gerencial e política em prol do povo brasileiro”, disse.
Tradicionalmente, o partido com a maior bancada fica com a Presidência, mas são comuns candidaturas alternativas. Eunício foi escolhido como indicação do PMDB numa reunião dos senadores do partido nessa terça-feira. Ele está no primeiro mandato, é senador desde 2011. Antes, foi deputado federal (1998-2010) e ministro das Comunicações (2004-2005) durante o governo Lula.
Durante seu discurso antes da votação, Eunício se posicionou como defensor da democracia e também defendeu a independência entre os poderes. Outro ponto do discurso do novo comandante do Congresso que merece destaque é a fala sobre a necessidade do Legislativo, especialmente o Senado, “não perca a luta contra a corrupção”.
Antes do Eunício, o adversário dele, o senador José Medeiros disse que era o momento de romper com as tradições. "Ainda que a tradição da casa tenha se acostumado a referendar o nome da maior bancada, devemos nos perguntar se a escolha do chefe do Legislativo tem que ser um mero carimbo. Acredito que isso não é o que a sociedade espera de nós", disse.
Medeiros lançou candidatura sem autorização do próprio partido, o PSD, que também apoia o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), nome indicado pelo PMDB para a presidência da Casa.
Renan faz balanço de gestão
Antes de anunciar o resultado, o senador Renan Calheiros fez um breve balanço de sua gestão à frente do Senado. Ele destacou o fim do 14º e 15º salários, a redução dos gastos e classificou como “racionalização administrativa” seu período como presidente. Ele ainda destacou que o Senado atualmente é “100º transparente”.
Ainda de acordo com Renan Calheiros, apesar da pulverização particdária a casa é “capaz de reunir maiorias”. “Foram inúmeros os avanços”, disse.
Entre os projetos aprovados, ele destacou a ampliação das votações abertas, a aprovação da regulamentação da profissão de empregadas domésticas, a Propostas de Emenda à Constituição do fim do trabalho escravo, meia entrada para estudantes, fim do financiamento privado nas eleições, entre outras.
Calheiros ainda relembrou os projetos que foram votados sob pressão pelas manifestações e ressaltou a necessidade de ter a ficha limpa para ser servidor da Casa.
O peemedebista, no entanto, não deixou de tratar da polêmica envolvendo seu afastamento, com liminar concedida pelo ministro do Supremo Tribunal da Federal (STF), Marco Aurélio Mello, e derrubada pelo plenário. Segundo ele, o abuso de poder, outro ponto de desgaste durante sua gestão, foi lembrada por ele, que afirmou que o tema está 'enraizado” nas discussões da sociedade.
Rapidamente, Calheiros ainda tratou do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e disse que a tramitação do afastamento na Casa se deu com “isenção, equilíbrio e imparcialidade”.
"A história jamais esquece os covardes e os omissos", disse. Para ele, o cargo de presidente do Senado e do Congresso não permite falta de personalidade e coragem. "Passando o momento de turbulências é chegada a hora de pouso tranquilo e pacificação", disse.
Por fim, ele pediu abertura do sigilo da Lava-Jato para evitar o que chamou de "vazamentos de acordo com a vontade da fonte que presta o depoimento", declarou.