Quando a então presidente Dilma Rousseff nomeou Lula para o cargo de ministro da Casa Civil, em março de 2015, após questionamentos feitos por PSDB e PPS no STF, o ministro Gilmar Mendes suspendeu os efeitos de sua nomeação. Na época, um áudio de uma conversa entre Dilma e Lula sugeria que a presidente estava nomeando o seu antecessor para evitar uma suposta prisão, já que o ex-presidente já é réu em algumas ações.
Em delação à força-tarefa da Lava Jato, o ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho afirmou que tratou de negócio da empreiteira na área de aeroportos com Moreira, que foi ministro da Aviação Civil no governo Dilma Rousseff (2011-2016). O peemedebista é citado nas planilhas da Odebrecht como "Angorá" e tratado como arrecadador do PMDB. Ele nega irregularidades.
Conforme revelou o Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) nesta sexta-feira, a oposição no Senado, liderada pelo PT, decidiu ir à Justiça para tentar anular os efeitos da medida provisória editada nesta data pelo governo que deu foro especial a Moreira.
Questionado se não se sentia constrangido de chegar ao cargo e também ser alvo de citações em delação, Moreira repetiu que assume a Secretaria-Geral da Presidência para auxiliar o presidente Michel Temer na gestão do governo, para a retomada da economia. "Não foi absolutamente com nenhuma outra intenção se não a de dar mais eficiência, de dar mais força, mais material e conteúdo à ação do presidente e da Presidência", afirmou.
Moreira destacou o trabalho da sua pasta e destacou que terá sob sua responsabilidade, além do PPI, a Secretaria de Comunicação, a de Administração e o cerimonial da Presidência. O ministro disse ainda que, enquanto estava como secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), ele mesmo pediu para que ela não tivesse status de ministério.
Discurso
Em seu discurso da cerimônia, o presidente Michel Temer fez questão de destacar que Moreira, antes de ser nomeado, realmente já era considerado ministro por ele. Ao deixar a cerimônia, Temer não quis responder se a escolha de Moreira era por conta do foro. "Vejam o meu discurso", limitou-se a dizer.
Em sua fala, Temer destacou que precisava estruturar "melhor o Palácio do Planalto" e que a presença de Moreira "tratava-se de uma formalização", já que ele já era considerado ministro.
Temer anunciou na quinta uma minirreforma ministerial e, além de conceder status de ministro a Moreira Franco, foram recriados dois ministérios - Direitos Humanos e Secretaria-Geral da Presidência -, passando de 26 para 28 pastas, e o Ministério da Justiça foi reestruturado.
O líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA), foi oficializado como ministro na Secretaria de Governo, responsável pela articulação política do Palácio do Planalto com o Congresso.
No caso da Justiça, Temer deu força política a Alexandre de Moraes, que é do PSDB e até então estava cotado para ocupar a vaga de Teori Zavascki no STF. Com isso, fica praticamente descartada a possibilidade de ser indicado para a Corte.
Ele ainda nomeou a desembargadora Luislinda Valois para o novo Ministério dos Direitos Humanos. A pasta havia sido extinta pelo presidente com a justificativa de reduzir gastos..