"Não há ações de motivação política na Lava-Jato", afirmou nesta segunda-feira o juiz federal Sérgio Moro, em palestra na Columbia University, em Nova York.
De acordo com Moro, as avaliações dos promotores e juízes que atuam na Lava-Jato são baseadas em evidências e não em avaliações pessoais ou políticas. Ele apontou que a Operação permitiu o julgamento e condenação de executivos de construtoras e isso também aconteceu com alguns ex-parlamentares, mas em primeira instância.
"Contudo, graças ao STF não precisamos mais esperar a condenação do acusado por um longo tempo", disse Moro.
Na avaliação do juiz, a Operação Lava-Jato 'é uma grande oportunidade para combater o crime de pessoas poderosas' no Brasil.
Ele observou que antes da Lava-Jato, normalmente o sistema de Justiça do País não trabalhava bem com casos complexos relativos a pagamento de propinas e corrupção. "Acusados poderosos conseguem postergar ações judiciais", comentou.
Para Moro, o foro privilegiado de autoridades perante o Supremo Tribunal Federal ‘muitas vezes funciona como um escudo para proteção’.
"Mas o Supremo atuou contra poderosos no caso do Mensalão", apontou.
Combate à corrupção
Moro afirmou ainda que "talvez a Operação Lava-Jato deu ao Brasil a oportunidade para superar a prática vergonhosa de corrupção." Segundo ele, no longo prazo o País "será mais competitivo e os custos de contratos baixarão."
Na avaliação do magistrado, a Lava-Jato trará mais estabilidade para decisões de investimento no Brasil. "Se não fizermos o combate a crimes, baixará a confiança na lei e na democracia", disse. "Temos que ser otimistas. O que fizemos até agora com a Lava-Jato é muito importante", apontou. "Talvez em alguns anos o combate à corrupção será motivo de orgulho para os brasileiros", o que fortalecerá o sistema democrático do País.
Moraes
O juiz indicou que "não tem autoridade" para falar sobre ministros do Supremo Tribunal Federal. Fontes de Brasília apontam que o presidente Michel Temer poderá escolher o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, para ocupar a vaga deixada pelo juiz Teori Zavascki, que morreu em um acidente de avião. "Estou longe do Brasil e não vi notícias sobre o Supremo", apontou. "Se o presidente escolher o ministro da Justiça, boa sorte. Mas não tenho comentários."
Moro fez elogios ao ministro Edson Fachin, atual relator da Lava-Jato no STF. "É um grande jurista. Ele teve importantes decisões mostrando que trabalha de forma independente."