Um documento assinado por 35 dos 41 vereadores pedindo a revogação do aumento da passagem de ônibus na capital mineira foi protocolado nessa segunda-feira na Mesa Diretora da Câmara Municipal. Os parlamentares pedem que o prefeito Alexandre Kalil (PHS) revogue o aumento até que a auditoria sobre as contas da BHTrans e das empresas de ônibus seja finalizado.
Por meio de sua assessoria, o prefeito informou que só vai se manifestar sobre o tema quando o documento chegar em suas mãos.
No último dia do ano passado, o então prefeito Marcio Lacerda (PSB) anunciou o reajuste de 9,4% na passagem dos ônibus. A tarifa nas principais linhas da cidade passou de R$ 3,70 para R$ 4,05, se tornando uma das mais caras do país.
O aumento foi motivo de protestos populares em frente ao prédio de Kalil. No entanto, em sua primeira entrevista com prefeito, ele avaliou que o reajuste na passagem não foi abusivo.
Desde o início dos trabalhos na Câmara o preço da passagem de ônibus na capital se tornou um dos principais temas das cobranças feitas pelos parlamentares. O vereador Rafael Martins (PMDB) apresentou em plenário um vídeo de Kalil durante a campanha eleitoral criticando o valor da passagem paga pelos belo-horizontinos e o péssimo serviço de transporte público na capital.
“O prefeito precisa se indignar com o alto preço da passagem do mesmo modo que fez durante a campanha”, cobrou Martins.
Muitos vereadores elogiaram a iniciativa do prefeito de comprar ônibus novos com ar-condicionado e apoiaram a abertura das informações sobre os gastos com o transporte público da capital. Na semana passada, Kalil anunciou que será feito um pente-fino nas contas das empresas de ônibus. Será contratada pela PBH uma auditoria dos gastos e lucros das concessionárias.
Os vereadores defendem, no entanto, que o prefeito cancele o aumento até que a auditoria seja apresentada. “O aumento já se configura abusivo, uma vez que o reajuste supera a inflação do período de 12 meses.
O IPCA entre janeiro e dezembro de 2016 foi calculado em 7,35%, enquanto o aumento médio das passagens dos coletivos da cidade foi de 9,4%”, diz o documento, que será entregue hoje ao prefeito.
Ontem, os vereadores Carlos Henrique (PMN), Élvis Cortês (PSD), Jair de Gregório (PP) e Wesley da Autoescola (PHS), da Comissão de Desenvolvimento e Transporte da Câmara, também aprovaram um requerimento pedindo que o prefeito revogue o aumento. A intenção do grupo é abrir mais uma frente para cobrar da prefeitura a redução imediata no preço das passagens.
O líder do governo na Casa, vereador Gilson Reis (PCdoB), avaliou como “legítima” a mobilização no Legislativo para pressionar pela redução da passagem. Mas ressaltou que não conhece a situação financeira do município.
“Não sabemos ainda se é viável essa redução imediata. Mas a iniciativa de abrir a caixa-preta da BHTrans é muito importante. Na gestão passada, houve uma consultoria que não esclareceu muito bem a situação dessas contas. Talvez depois de abrir as informações a prefeitura poderá avaliar se pode reduzir as passagens”, disse Reis.