MPF defende que Eike continue preso

Eike só foi preso quatro dias depois da Operação Eficiência ser deflagrada, quando retornou dos EUA

- Foto: FREDERIC J. BROWN

Os procuradores da força-tarefa da Lava-Jato no Rio levantaram dúvidas sobre a alegada postura colaborativa de Eike Batista com as investigações da Operação Eficiência, deflagrada no último dia 26, em documento entregue à Justiça na segunda-feira, 6. Nele, defendem que Eike continue em prisão preventiva. Entre os motivos, apontam que o empresário comprou passagem para os Estados Unidos na mesma data de sua viagem, dois dias antes da operação ir às ruas.

Segundo os procuradores, a compra das passagens no dia da viagem "indica uma possível fuga, tendo ele (Eike), por qualquer meio, tido ciência da sua prisão iminente".

"Esse fato, ainda passível de apuração, contraria a afirmação do requerente (Eike) de que teria uma postura totalmente cooperativa no curso das investigações", dizem no documento enviado à 7ª Vara Federal Criminal do Rio, responsável pelos desdobramentos da Lava-Jato no Rio.

Eike só foi preso quatro dias depois da Operação Eficiência ser deflagrada, quando retornou dos EUA. "Há que se registrar que seu retorno se deu após a difusão do seu nome para o alerta vermelho da Interpol, o que, de qualquer maneira, dificultaria sobremaneira sua eventual vida como foragido", dizem.

Além disso, afirmam que há elementos nos autos que indicam que Eike, mais de uma vez, tentou obstruir as investigações, "fato que, até o momento, em nada foi elidido pelo requerente".

Sobre o alegado risco de vida em meio à notícias que Eike estaria negociando acordo de colaboração premiada, os procuradores pedem manifestação do Secretário de Estado de Administração Penitenciária. Nela, querem que a secretaria se declare sobre a sua capacidade de garantir a integridade física do empresário.

Propina


A Operação Eficiência investiga um esquema que teria lavado ao menos US$ 100 milhões em propinas para o grupo político do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), que também está preso. O dinheiro foi remetido ao exterior. Eike é acusado de pagar propina de US$ 16,5 milhões ao ex-governador.

Na visão do Ministério Público Federal (MPF), além do fundador do grupo X também devem permanecer em prisão preventiva Thiago Aragão (sócio de Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador do Rio Sérgio Cabral) e Sérgio de Castro Oliveira (operador financeiro do esquema).

Na semana passada, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) negou liminar no pedido de habeas corpus apresentado pela defesa de Eike Batista..