Foi o próprio Temer quem anunciou o prazo de 15 dias, após almoço com o presidente da Argentina, Maurício Macri, no Ministério das Relações Exteriores. No Congresso, é dado como certo que o PMDB venceu a queda de braço com o PSDB, que comandava o Ministério da Justiça com Moraes, filiado ao partido e indicado pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. A equação a ser montada é como agradar o PMDB do Senado sem deixar transparecer as digitais do partido.
“O PMDB não quer indicar o ministro da Justiça, essa é uma atribuição do presidente da República. Mas estamos aqui à disposição para ajudar o governo no que ele precisar, tanto na aprovação das reformas macroeconômicas quanto na elaboração de um plano nacional de segurança”, confirmou o líder do partido no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
O sonho dos peemedebistas é o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim. No próprio governo, contudo, a opção se apresenta como praticamente inviável. Jobim foi advogado da Odebrecht e, recentemente, tornou-se sócio e membro do conselho de Administração do BTG Pactual.
Um nome que surgiu novamente é do advogado Antonio Claudio Mariz de Oliveira. Amigo de Temer há 40 anos, Mariz chegou a ser cogitado para a pasta antes da decisão por Moraes. Acabou não virando ministro por causa de uma entrevista em que criticou as delações e defendeu que a PF não poderia ficar preocupada apenas em combater a corrupção.
Ex-aluno de Temer e autor do prefácio do livro de poesias escrito pelo presidente, o ex-ministro do STF Carlos Ayres Britto também é mencionado. O nome não agrada tanto o PMDB, mas, no auge da crise penitenciária, Britto se reuniu diversas vezes com o presidente para discutir a questão. Na época — antes mesmo do acidente que vitimou Zavascki — Britto acabou cogitado para substituir Moraes na Justiça.
No atual cenário, o PSDB está praticamente descartado como opção para comandar a pasta. Os nomes especulados na bancada são do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) e do líder do governo no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
O senador Aécio Neves (MG), presidente do partido, afirmou que o colega mineiro prefere manter as atividades no Senado. “Tenho uma cautela enorme em antecipar nomes para os ministérios. Essa é uma prerrogativa intransferível do presidente da República.
COTADOS PARA A JUSTIÇA
Quem são os nomes avaliados para substituir Alexandre de Moraes no Ministério
Antonio Cláudio Mariz de Oliveira
Advogado e amigo do presidente Temer, chegou a ser cotado para a pasta pouco após o impeachment. Mas uma entrevista criticando a Lava-Jato impediu a sua escolha
Nelson Jobim
Nome dos sonhos do PMDB. Ex-presidente do STF, ministro da Defesa e da Justiça, deputado constituinte. Tem hoje uma das bancas de advocacia mais requisitadas do país
Carlos Ayres Britto
Ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, ex-presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), se tornou, nos últimos meses, conselheiro direto do presidente Temer
Antonio Anastasia
Ex-governador de Minas Gerais e senador pelo PSDB, foi relator do impeachment no Senado. É um nome com trânsito em praticamente todos os partidos da Casa
Aloysio Nunes Ferreira
Líder do governo no Senado, foi ministro da Justiça no governo Fernando Henrique, deputado federal e candidato a vice na chapa de Aécio Neves na campanha de 2014.