Depois da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) gravar um vídeo sobre o assunto, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) saiu, nesta terça-feira, em defesa do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), ameaçado de ter o mandato suspenso por causa do cuspe que deu no colega de parlamento, deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ).
O tucano usou seu Facebook para dizer que considera a possível suspensão, pedida no Conselho de Ética, uma “violência” e afirmou que não defendeu isso nem para um deputado que propôs seu fuzilamento, quando era presidente.
Dizendo-se contrário a qualquer restrição de direitos, FHC registrou: “me oponho a que se procure cassar o mandato do deputado Jean Wyllys, que não é de meu partido e que em seu blog faz críticas ocasionais a mim que considero injustas”.
O ex-presidente disse que Wyllys “assume posições desassombradas, sobretudo no âmbito cultural-moral, firme atuação nas questões ligadas à população LGBT e defende com ardor posições minoritárias”. Ainda para o tucano, “eventuais excessos verbais ou gestuais cometidos - se é que existiram – devem ser resolvidos no âmbito parlamentar, com a supressão de referências a eles nos Anais da Câmara, nunca, porém apelando-se à violência da cassação ou suspensão de mandatos”.
Dilma
Na segunda-feira, Jean Wyllys havia postado um vídeo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em sua defesa. Nele, a petista dizia que o deputado é vítima de “gravíssima perseguição” por ser o único deputado gay assumido no Congresso. “Não podemos mais permitir mais um avanço do estado de exceção sobre a democracia.
O processo contra o deputado foi aberto por causa de um cuspe que ele deu no deputado Jair Bolsonaro durante a sessão que aprovou a admissibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), em 17 de abril. Na sessão, Bolsonaro também acabou processado por ter exaltado, ao microfone, o nome do torturador, coronel Brilhante Ustra, que disse ser o “terror” de Dilma Rousseff.
No relatório apresentado ao Conselho de Ética, o deputado Ricardo Izar (PP-SP) propôs a suspensão do mandato de Jean Wyllys por 120 dias. O parlamentar disse que o Legislativo não admite esse tipo de infração. Ele reduziu o prazo inicial proposto pela Corregedoria, que era de seis meses.
"Não há como admitir esse tipo de comportamento descortês e impolido por parte de congressista a quem foi outorgado o poder de representar parcela da sociedade perante o Poder Legislativo e de quem se espera a prática de atividades que viabilizem a concretização dos anseios da população, mediante discussão e aprovação de propostas legislativas", diz o parecer.
O Conselho de Ética deve ter os nomes trocados, assim como está ocorrendo com todas as comissões da Câmara dos Deputados. Só então o processo voltará à pauta para decisão final. Se aprovado pelo Conselho de Ética, o relatório vai a votação em plenário. .