“Volto com medo, mas tenho que retornar”, disse a caseira Márcia Regina Soares, de 59 anos, que depois de duas semanas na capital mineira, seguiu para sua casa no bairro de Jacaraípe, em Serra (ES). “Não fosse minha mãe ter que trabalhar, ficava aqui até que tudo voltasse ao normal”, emendou Brígida Soares, de 32, assistente administrativa.
Apreensão para quem embarca e quem fica, como o caso do engenheiro Endrico Oliveira Rocha, de 40, que levou sua mãe, Francisca Chagas, de 63, ao terminal, que seguiu viagem para Guarapari (ES). “Despedir de quem vai viajar é sempre difícil. Mas, desta vez tem essa complicação da falta de segurança lá. Com meu pai sozinho lá, ela tem que voltar. Mas estamos com o coração apertado”, disse o engenheiro, acompanhado da mulher e um casal de filhos.
“É como se estivesse indo para a forca”, resumiu o biólogo Ricardo Leandro, de 26.
Entre os poucos passageiros que não são moradores de cidades capixabas, nenhum viajando a passeio. “Estou de férias, mas decidi ir para Guarapari de última hora e comprei passagem para o próximo ônibus, às 22h. Mas não é uma viagem de lazer, mas é para dar apoio ao meu pai, que é taxista e está há uma semana trancado em casa”, explica o operador de indústria Valdecir Ferreira, de 38, morador de Caeté, na Grande BH.
O despachante Kerley dos Santos, funcionário de uma das empresas de ônibus que faz linha para o litoral capixaba, constata a queda no número de passageiros. “No ônibus para Serra, com parada em Vitória, tinham 42 lugares vendidos, mas só 12 pessoas embarcaram. No que vai para Guarapari, que diariamente leva pelo menos 34 passageiros, têm 16”..