O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux chegaram a um acordo nessa sexta-feira sobre o projeto das 10 medidas contra a corrupção apresentadas pelo Ministério Público Federal. Maia afirmou a Fux que a Secretaria-Geral da Mesa da Casa vai conferir os mais de 2 milhões de assinaturas de apoio à proposta de iniciativa popular e eles acertaram que, depois disso, o projeto poderá ser enviado ao Senado para seguir com a tramitação. Um dos pontos levantados por Fux em sua decisão liminar de dezembro é que, além de os deputados terem feito alterações profundas no projeto, eles não poderiam ter se apropriado de um projeto de iniciativa popular.
Ao buscar um acordo com Maia, Fux quer evitar novos embates com o presidente da Câmara por conta do assunto. A liminar do ministro foi bastante criticada não apenas por deputados, que a consideraram uma interferência no Poder Legislativo, mas também por ministros do Supremo. Um deles disse considerar a decisão “esdrúxula”. Fux tem evitado comentar o assunto. Não há previsão de quando a liminar do ministro será levada ao plenário do Supremo.
O pacote anticorrupção foi votado pelos deputados na madrugada de 30 de novembro. Além de tirar pontos propostos pelo Ministério Público, os parlamentares também incluíram medidas como o endurecimento das regras de punição a magistrados e procuradores que cometerem crimes. As mudanças foram vistas pela força-tarefa da Lava-Jato como um reação aos desdobramentos da investigação. Rodrigo Maia informou que em março definirá com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) as regras para validar os futuros projetos de iniciativa popular que chegarem à Câmara dos Deputados. A decisão foi tomada para resolver dúvidas sobre a tramitação desses projetos, como o que ocorreu com o pacote de medidas contra a corrupção, devolvido pelo Senado para que seja analisado novamente pelos deputados. “Em março, vamos junto com o TSE preparar um projeto de lei para organizar a certificação dos próximos projetos de iniciativa popular”, afirmou Maia.