'Temer abandonou Minas Gerais' diz líder da bancada mineira na Câmara

Indicação do deputado Osmar Serraglio para comandar o Ministério da Justiça desagradou bancada mineira e do PMDB. Deputados prometem impor derrotas ao Planalto.

Marcelo da Fonseca

- Foto: Ananda Pimentel/Camara dos Deputados

A escolha do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) para assumir o Ministério da Justiça causou um racha na bancada do partido na Câmara e desagradou a bancada mineira. O vice-presidente da Casa, deputado Fabio Ramalho (PMDB-MG) subiu o tom das críticas e afirmou que o presidente Michel Temer (PMDB) tem “preterido recorrentemente” Minas Gerais. O troco pode acontecer já nas discussões da reforma da previdência. Ramalho afirmou que “do jeito que o projeto foi apresentado pelo governo federal ele não terá o apoio necessário no Congresso”.

O parlamentar que coordena a bancada mineira (segunda maior na Câmara com 53 deputados) disse que a escolha de Serraglio demonstra que o Palácio do Planalto “não pretende contar com Minas Gerais em seu governo”. Vários nomes de políticos e juristas mineiros foram apresentados para ocupar a pasta da Justiça, entre eles o deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) e o vice-procurador-geral da República José Bonifácio de Andrada.

Pacheco chegou a ser o favorito para o cargo, mas após virem à tona críticas públicas feitas por ele ao Ministério Público Federal, seu nome perdeu força e acabou descartado por Temer. O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Velloso, de Entre Rios de Minas, também foi cotado para a vaga, mas recusou o convite alegando interesses profissionais que gerariam conflito com a chefia do Ministério da Justiça.


“O estado foi abandonado. Nosso estado tem vários nomes para oferecer. Se a intenção do governo era escolher algum nome técnico para a Justiça, ninguém estaria mais capacitado ou seria mais indicado para a vaga do que o vice-procurador Bonifácio Andrada. Esse abandono do presidente Temer nos deixa revoltado”, afirmou Ramalho.

 

Novo ministério 

 

O parlamentar conversou com Temer na tarde desta quinta-feira, quando o presidente o ligou para informar que indicaria Serraglio para a Justiça. Ramalho afirmou ao presidente que a escolha representaria “o rompimento com o governo”. Segundo o deputado mineiro, após ouvir a reclamação, Temer afirmou: “Que seja feita a vossa vontade”. O deputado retrucou ameaçando que o Planalto deve se “preparar para ter muitas derrotas no Parlamento”.

Durante a ligação, Temer prometeu ao líder da bancada mineira que estudava recriar algum ministério para colocar um peemedebista de Minas como ministro. “Minas Gerais é a segunda economia do país, a segunda bancada na Câmara, um estado com uma história muito rica na política nacional. O presidente prometeu criar uma pasta, mas isso vai na contramão de tudo que a população exige, uma máquina pública mais enxuta. Recusei imediatamente. Queremos menos ministério e mais respeito ao nosso estado”, rebateu Ramalho.

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