O parlamentar que coordena a bancada mineira (segunda maior na Câmara com 53 deputados) disse que a escolha de Serraglio demonstra que o Palácio do Planalto “não pretende contar com Minas Gerais em seu governo”. Vários nomes de políticos e juristas mineiros foram apresentados para ocupar a pasta da Justiça, entre eles o deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) e o vice-procurador-geral da República José Bonifácio de Andrada.
Pacheco chegou a ser o favorito para o cargo, mas após virem à tona críticas públicas feitas por ele ao Ministério Público Federal, seu nome perdeu força e acabou descartado por Temer. O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Velloso, de Entre Rios de Minas, também foi cotado para a vaga, mas recusou o convite alegando interesses profissionais que gerariam conflito com a chefia do Ministério da Justiça.
“O estado foi abandonado. Nosso estado tem vários nomes para oferecer. Se a intenção do governo era escolher algum nome técnico para a Justiça, ninguém estaria mais capacitado ou seria mais indicado para a vaga do que o vice-procurador Bonifácio Andrada. Esse abandono do presidente Temer nos deixa revoltado”, afirmou Ramalho.
Novo ministério
O parlamentar conversou com Temer na tarde desta quinta-feira, quando o presidente o ligou para informar que indicaria Serraglio para a Justiça. Ramalho afirmou ao presidente que a escolha representaria “o rompimento com o governo”. Segundo o deputado mineiro, após ouvir a reclamação, Temer afirmou: “Que seja feita a vossa vontade”. O deputado retrucou ameaçando que o Planalto deve se “preparar para ter muitas derrotas no Parlamento”.
Durante a ligação, Temer prometeu ao líder da bancada mineira que estudava recriar algum ministério para colocar um peemedebista de Minas como ministro. “Minas Gerais é a segunda economia do país, a segunda bancada na Câmara, um estado com uma história muito rica na política nacional. O presidente prometeu criar uma pasta, mas isso vai na contramão de tudo que a população exige, uma máquina pública mais enxuta. Recusei imediatamente. Queremos menos ministério e mais respeito ao nosso estado”, rebateu Ramalho.