São Paulo, 26 - O advogado José Yunes, ex-assessor especial da Presidência da República, afirmou ontem ao Estado que o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, tem de prestar depoimento aos investigadores da Operação Lava Jato. Ele se colocou à disposição para uma eventual acareação com os envolvidos no episódio em que afirmou ter atuado como “mula involuntária” de Padilha.
Yunes procurou espontaneamente a Procuradoria-Geral da República para apresentar sua versão sobre as afirmações do ex-executivo da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, que, em delação premiada, afirmou que ele recebeu R$ 1 milhão em espécie em seu escritório de advocacia em São Paulo - valor que, segundo Melo Filho, era parte da propina de R$ 10 milhões a ser repassada, a mando de Padilha, para o PMDB na campanha de 2014. Os recursos teriam saído do caixa 2 da empreiteira
Após vir à tona a delação do ex-executivo, Yunes deixou o governo. Amigo do presidente Michel Temer, ele disse que recebeu, em setembro de 2014, um envelope do operador financeiro Lúcio Funaro - ligado ao deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) -, a pedido de Padilha. Yunes afirma desconhecer o que havia no “pacote”.
A PGR deve pedir ao Supremo Tribunal Federal a abertura de inquérito para apurar a conduta do ministro. “Ele (Padilha) tem que ser ouvido. Você não pode ficar se escondendo atrás da notícia porque isso gera muita especulação”, disse ao Estado. “Acho que ele tem que esclarecer porque ele não tratou comigo de dinheiro nem nada.”
O ex-assessor da Presidência afirmou ainda que deu uma série de entrevistas nos últimos dias com o objetivo de esclarecer o episódio.
‘Útil’
Apesar de considerar que Temer deve estar “muito aborrecido com essa história”, Yunes disse não acreditar que ela será suficiente para a derrubar o chefe da Casa Civil - que tirou uma licença médica para se submeter a uma cirurgia na próstata.
“Acho que não cai. E não deveria cair porque foi um episódio bobo”, afirmou. “Ele é um sujeito muito eficiente. Trabalha, é fiel e muito organizado. É muito útil para o presidente.” As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.