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Estado de Minas

Bancada mineira pressiona por pasta no governo Temer

Depois de fracassar na tentativa de emplacar um nome na Justiça, deputados do estado miram o Itamaraty. Líder diz que parlamentares ficariam satisfeitos com a indicação de Anastasia


postado em 27/02/2017 06:00 / atualizado em 27/02/2017 08:24

"O que a gente está lutando é para Minas ter espaço no cenário nacional, queremos um tratamento do tamanho do nosso estado. Se o presidente tiver uma agenda para Minas a gente conversa com ele" - Fábio Ramalho (PMDB-MG), vice-presidente da Câmara dos Deputados (foto: Geraldo Félix/ Câmara dos Deputados )

O presidente Michel Temer (PMDB) precisará fazer algum gesto para Minas Gerais se quiser evitar problemas com a bancada do estado na Câmara dos Deputados. Quem afirma é o coordenador do grupo e vice-presidente da Casa, deputado Fábio Ramalho, que marcou para depois do carnaval, em 7 de março, uma reunião com os 53 parlamentares mineiros para avaliar o que será feito caso se confirme o rompimento com o governo do peemedebista.

Depois da nomeação do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) para o Ministério da Justiça, azedou a relação do presidente Michel Temer com o recém-eleito vice-presidente da Câmara, que prometeu dificultar a vida do peemedebista. O PMDB mineiro havia indicado para a pasta o deputado federal por Minas Rodrigo Pacheco, mas ele acabou tendo o nome queimado depois de ter posicionamentos antigos contra o poder de investigação do Ministério Público divulgados pela imprensa. Outro mineiro cotado para a pasta, o atual vice-procurador geral da República, José Bonifácio Andrada, também foi preterido por Temer.

Ramalho comentou a possível indicação do senador Antonio Anastasia (PSDB) para o Ministério das Relações Exteriores. O nome do tucano, que também chegou a ser cotado para a Justiça, é apontado como uma forma de manter a pasta com o PSDB e, ao mesmo tempo, acalmar os ânimos da bancada mineira. “Seria excelente, e resolveria a questão, porque o Anastasia é muito querido por toda a bancada. Se acontecer (a nomeação) acredito que Minas estará bem atendida”, afirma Fábio Ramalho.

Segundo o coordenador da bancada mineira, a intenção não é prejudicar o governo Temer. “O que a gente está lutando é para Minas ter espaço no cenário nacional, queremos um tratamento do tamanho do nosso estado, pela população, pela bancada que tem e por seu Produto Interno Bruto (PIB). Se o presidente tiver uma agenda para Minas a gente conversa com ele”, afirma.

Ramalho apontou divergências da bancada, por exemplo, em relação à reforma da Previdência. “Tem alguns pontos que discordamos, principalmente a paridade entre homem e mulher tem uma parte que não concordo. Tem as mudanças nos direitos dos portadores de deficiência e também somos contra aposentar as pessoas mais pobres com 70 anos. Elas não têm expectativa de vida até 70 anos. Queremos uma reforma mais justa e esses pontos precisam ser revistos”, afirmou.

Prioridades O deputado mineiro lembrou ainda a lista de prioridades do estado entregue no início deste mês a Michel Temer, pedindo verbas para o metrô de Belo Horizonte, o Rodoanel, o Ferroanel, a BR-381 e a renegociação da dívida mineira com a União. Há ainda a questão dos royalties da mineração. “O presidente precisa solucionar a agenda de Minas Gerais”, disse.

Ao apresentar as demandas, Ramalho disse que Temer ficou de encaminhar os pedidos para as instâncias adequadas e, a partir disso, ver o que seria atendido. O coordenador da bancada disse que a proposta do Ferroanel seria a mais viável por se tratar de parceria público-privada. “O governo não vai precisar fazer um investimento alto, além disso já existe um projeto”, disse. A proposta é aproveitar linhas do trem de carga para o transporte de passageiros. A linha sairia de Betim, passando por Contagem e Ibirité, e terminaria em Águas Claras, no Belvedere, em BH, e o valor orçado à época para a obra foi de R$ 1,8 bilhão.

O prazo de cerca de 30 dias para que Temer se posicione sobre os pedidos vence no meio de março. Ao apresentar os pedidos, Ramalho afirmou que seria uma “oportunidade” para o presidente vir ao estado para anunciar os recursos e, com isso, melhorar seu capital político com os mineiros. “Estamos certos de que ele (Temer) vai querer conversar”, afirmou o parlamentar.

Sem espaço no primeiro escalão


O presidente Michel Temer é o único dos recentes ocupantes do Palácio do Planalto a não dar aos mineiros um ministério. Apesar de 41 dos 53 deputados – segunda maior bancada, atrás apenas de São Paulo – terem votado pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), o que alçou Temer ao cargo de presidente, nenhum nome de Minas foi nomeado para o primeiro escalão. O único que chegou a ser cotado foi o do deputado federal Newton Cardoso Jr., mas, por desagradar às Forças Armadas, ele deixou de ganhar a pasta da Defesa.

Dilma chegou a ter seis ministros mineiros. Embora seja cota pessoal, o governador Fernando Pimentel foi ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, assim como Mauro Borges. Também foram contemplados Patrus Ananias (PT), no Desenvolvimento Agrário, o bispo George Hilton (PRB), no Esporte, Clélio Campolina na Ciência e Tecnologia, e o peemedebista Mauro Lopes, pouco antes da  queda da presidente, na Aviação. Mesmo assim, ele acabou votando pelo impeachment da petista.

No governo Lula, o número de mineiros foi maior. O petista chegou a trabalhar com oito ministros. Patrus foi ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, responsável pelo carro-chefe do primeiro governo Lula, o programa Fome Zero. Lula teve José Alencar como vice-presidente e ministro da Defesa, Saraiva Felipe (PMDB) na Saúde, Hélio Costa (PMDB) nas Comunicações, e Luiz Dulci (PT) na Secretaria-geral da Presidência. Outro forte aliado a ocupar a Esplanada foi Walfrido dos Mares Guia, no Turismo.

O governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) também contou com a participação de vários nomes do estado, como Pimenta da Veiga (PSDB) e Roberto Brant comandando, respectivamente, as Comunicações e a Previdência. Foram seis mineiros no total.

 


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