"Com relação a Palocci a referência é circunstancial, genérica, (Odebrecht) não atribui nenhum valor a ele, nenhuma irregularidade", disse Batochio. "Agora, é preciso que fique claro que é absolutamente natural que os partidos políticos e seus membros solicitem doações de verbas para as campanhas eleitorais nos períodos próprios, sempre oficialmente, nos parâmetros legais."
Batochio também rebateu as citações a Mantega - segundo Odebrecht, em março de 2014 ele se comprometeu com o ex-ministro a repassar R$ 150 milhões na campanha de Dilma Rousseff, dos quais R$ 50 milhões pela MP do Refis.
"Mantega é filiado a um partido político e, naturalmente, as solicitações de contribuições nunca foram só para a Odebrecht. Todos os partidos solicitam recursos para suas campanhas de todo o empresariado que costuma contribuir de modo até equitativo nas eleições. Uma coisa é contribuir financeiramente dentro dos parâmetros legais. Outra coisa, muito diferente e a meu ver esquizofrênica, é dizer que todas as doações de empresários a políticos é pela via do caixa 2."
Batochio destaca que o próprio Odebrecht disse na Ação de Investigação Judicial Eleitoral que parte dos repasses "é oficial".
"No que diz respeito a Guido Mantega estamos certamente no campo das contribuições oficiais."
O criminalista chama a atenção para um detalhe que reputa importante. "Há uma circunstância muito relevante que precisa ser destacada. Nem Guido Mantega, nem Antonio Palocci, que o antecedeu, exerceram as funções de caixa de campanha presidencial.
Batochio abordou o trecho das revelações de Odebrecht sobre a MP do Refis. "Não existe a menor procedência nessa informação. Aqueles que conhecem a tramitação de uma Medida Provisória e as emendas no Congresso sabem que, na sua origem, a MP passa por cinco ministérios, pela Advocacia-Geral da União, Procuradoria da Fazenda Nacional. Enfim, todos estes órgãos técnicos opinam sobre a medida que tem por escopo o desenvolvimento de um setor determinado da economia ou abrandamento da tributação feroz em relação a um setor que precisa ser estimulado senão vai quebrar. Isto se chama de política pública de gestão econômica."
O defensor de Palocci e Mantega fez ainda uma indagação. "O Refis, afinal, serviu só a Odebrecht? Eu quero perguntar isso para os acusadores. Só a Odebrecht se beneficiou disso ou toda uma cadeia produtiva? Estamos criminalizando a gestão pública no Brasil.".