Como já havia um acerto da empreiteira com o ministro licenciado Eliseu Padilha de R$ 10 milhões com o grupo político PMDB, o valor para Skaf teria sido incluído nesta quantia, segundo o delator. Marcelo Odebrecht não deu detalhes de como foi feito o pagamento ao candidato a governador, mas disse que veio saber depois que os repasses para Skaf foram muito menores e que, com isso, o empresário teria ficado com "crédito" na empreiteira.
Foi neste contexto, segundo o delator, que Duda teria procurado a Odebrecht após a campanha.
Na audiência, contudo, os juízes auxiliares não deixaram o delator se aprofundar no episódio, que não é o foco da Ação de Investigação Judicial Eleitoral. Oficialmente, a campanha de Skaf em 2014 registrou na Justiça Eleitoral a doação de R$ 200 mil da Braskem, petroquímica do Grupo Odebrecht que também fechou acordos de leniência com Brasil, EUA e Suíça.
Investigação
Com essa nova citação ao seu nome, Duda Mendonça deve entrar outra vez na mira das autoridades. Seu nome já havia aparecido no escândalo do mensalão - escândalo de compra de votos no primeiro mandato do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva - mas ele acabou sendo absolvido no julgamento.
Na ocasião, o Ministério Público Federal apontava que ele e Zilmar Fernandes teriam lavado e remetido criminosamente para o exterior recursos de caixa 2 da campanha de Lula em 2002.
Em 2006 os dois chegaram a ter seus bens bloqueados pelo ministro Joaquim Barbosa a pedido do MPF como forma de garantir o pagamento da dívida que Duda Mendonça e Zilmar teriam com o Fisco. Na época, o MP calculava em aproximadamente R$ 30 milhões. A defesa dos dois refutava a conta, mas admitia uma dívida próxima a R$ 7 milhões. Relator do processo, Joaquim Barbosa deferiu pedido de bloqueio dos bens em 2006.
A reportagem tentou contato insistentemente com Duda Mendonça pelo celular, mas ninguém atendeu. Foi encaminhada mensagem para o marqueteiro e o espaço está aberto para as manifestações dele.
De acordo com a assessoria de Paulo Skaf, todas as doações recebidas pela campanha dele ao governo de São Paulo estão "devidamente registradas" na Justiça Eleitoral, que aprovou sua prestação de contas "sem qualquer reparo". "Paulo Skaf nunca pediu e nem autorizou ninguém a pedir qualquer contribuição de campanha que não as regularmente declaradas.".