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Estado de Minas

Em vídeo, Aécio diz que não recebeu doação via caixa 2 ou outro meio não lícito

Presidente do PSDB destaca que ex-executivos da Odebrecht em nenhum momento afirmaram em depoimentos que ele teria pedido recurso via caixa 2


postado em 04/03/2017 06:00 / atualizado em 04/03/2017 07:41

"Eu, como dirigente partidário, tinha o dever de ajudar dezenas, centenas de candidatos. Sempre da forma correta, legal e lícita. Em nenhum momento o sr. Benedicto afirma que solicitei recurso via caixa 2 ou outro meio" - Aécio Neves, senador e presidente do PSDB, em vídeo (foto: Orlando Brito/Divulgação - 11/1/17)

Brasília – Em vídeo divulgado em suas redes sociais na noite de ontem, o senador Aécio Neves (PSDB), presidente do PSDB, rebateu as acusações de que teria pedido à empreiteira Odebrecht recursos para a campanha de candidatos tucanos via caixa 2. “Quero me ater a dois fatos que podem até ser pedagógicos em relação ao futuro. O primeiro diz respeito ao depoimento do sr. Marcelo Odebrecht junto ao TSE, em que ele afirma de forma categórica que os recursos transferidos à campanha do PSDB, em 2014, quando eu era candidato à presidência da República foram feitos oficialmente, via caixa 1”, afirmou Aécio.

Em seguida, o senador citou outro depoimento de executivo da empreiteira e afirma que sempre pediu apoio de forma lícita. “O executivo chamado Benedicto Júnior afirma que recebeu da minha parte, como dirigente partidário e candidato, a solicitação para apoio a três ou quatro candidatos que disputavam a eleição. Eu, como dirigente partidário, tinha o dever de ajudar dezenas, centenas de candidatos. Sempre da forma correta, legal e lícita. Em nenhum momento o sr. Benedicto afirma que solicitei recurso via caixa 2 ou outro meio”, concluiu Aécio.


Em nota divulgada também ontem, o PSDB nega ter recebido doações da Odebrecht via caixa 2. O partido atesta que o depoimento em delação premiada do ex-executivo da empreiteira Benedicto Júnior, conhecido como BJ, prestado na quinta-feira, em processo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi divulgado de forma distorcida. “Em face de versões enganosas divulgadas sobre o conteúdo do depoimento de Benedicto Júnior, prestado ontem, em processo do TSE, é necessário esclarecer que em nenhum momento o depoente relatou ter recebido pedido do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, para fazer doação via caixa 2”, informou o partido.

Em depoimento ao TSE, o ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Júnior, o BJ, disse que a empreiteira baiana doou R$ 9 milhões em caixa 2 para campanhas eleitorais a pedido do senador Aécio Neves (PSDB), em 2014, quando ele concorreu à Presidência da República. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.


“É lamentável que o pretenso vazamento de conteúdos sigilosos se transforme em uma tentativa de adulterar as declarações efetivamente prestadas em juízo pelo depoente. Ressalte-se, ainda, que, como já divulgado, em seu depoimento, prestado na véspera, o empresário Marcelo Odebrecht não mencionou uma única doação da empresa em favor da campanha presidencial de Aécio Neves que tenha sido originada de caixa 2”, diz a nota. Em artigo publicado ontem em seus perfis nas redes sociais, o ex-presidente fernando Henrique Cardoso (PSDB), afirma que os vazamentos das delações e suas repercussões são um sinal de alerta. (Leia o artigo na página 7.)

Ainda de acordo com BJ, a Odebrecht teria repassado R$ 6 milhões para serem divididos pelas campanhas de Pimenta da Veiga (derrotado ao governo de Minas pelo petista Fernando Pimentel), Antonio Anastasia (eleito para o Senado) e Dimas Toledo Filho (eleito deputado federal pelo PP). Os outros R$ 3 milhões foram doados à campanha presidencial de Aécio Neves.

OFICIAL Conforme Aécio destacou no vídeo, em depoimento ao TSE também na quarta-feira, o ex-presidente da empreiteira Marcelo Odebrecht afirmou que repassou R$ 15 milhões ao senador mineiro, na campanha presidencial de 2014, de maneira oficial. O empresário disse ainda no depoimento que a distribuição do dinheiro foi organizada por Sérgio Neves, funcionário da Odebrecht em Minas Gerais e hoje delator do grupo baiano, e Oswaldo Borges, apontado como tesoureiro informal da campanha tucana.

Mais cedo, em nota, a Assessoria de Imprensa de Aécio argumentou que o senador “solicitou, como dirigente partidário, apoio para inúmeros candidatos de Minas e do Brasil a diversos empresários, sempre de acordo com a lei”. “Como já foi divulgado pela imprensa, o empresário Marcelo Odebrecht, que dirigia a empresa, declarou, em depoimento ao TSE, que todas as doações feitas à campanha presidencial do senador Aécio Neves em 2014 foram oficiais”, diz trecho da nota.

Doações somaram R$ 200 mi em 2014

Brasília
– O diretor de Infraestrutura da Odebrecht, Benedicto Barbosa Júnior, o BJ, disse em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na quinta-feira, que a empreiteira havia reservado R$ 200 milhões para doações eleitorais em 2014, entre repasses legais feitos em nome da empresa, por intermédio de terceiros e por meio de caixa 2. O depoimento foi tomado pelo ministro do TSE Herman Benjamin, relator da ação, movida pelo PSDB, que investiga irregularidades na campanha da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer.

De acordo com Barbosa, os R$ 200 milhões foram efetivamente gastos com campanhas. Segundo ele, desse valor, R$ 120 milhões foram pagos por meio de doações legalmente registradas em nome da Odebrecht. Outros R$ 40 milhões foram repassados por meio da cervejaria Itaipava, prática que é chamada de doação por terceiros, e os R$ 40 milhões restantes foram pagos via caixa 2, sem registro oficial. O executivo foi explícito quanto a origem desses recursos: todos seriam provenientes do “Departamento de Operações Estruturadas” da Odebrecht, área da empresa responsável pelo pagamento de propinas.

O empresário disse que “todos os grandes partidos” receberam dinheiro legal e por meio de caixa 2 da Odebrecht e subsidiárias. Benedicto Júnior detalhou que o valor de cerca de R$ 200 milhões foi definido numa reunião entre Marcelo Odebrecht e executivos da companhia. Desse total, 60% (R$ 120 milhões) saíram da construtora; de 20 % a 25% (de R$ 40 milhões a R$ 50 milhões) de empresas terceirizadas ligadas a Odebrecht; e de 15% a 20% (R$ de 30 milhões a R$ 40 milhões) por meio de caixa 2.

Como o foco do depoimento de Benedicto Júnior ao TSE é a chapa Dilma-Temer, que está sob investigação da Justiça Eleitoral, o relato envolvendo o PSDB durou menos de um minuto, afirmou ao jornal O Globo uma fonte que acompanhou a oitiva.

Benedicto Júnior disse, segundo relato de uma pessoa que acompanhou o depoimento, que não poderia ajudar em mais detalhes envolvendo as campanhas presidenciais por dois motivos – o primeiro, porque os grandes candidatos eram atendidos por Marcelo Odebrecht, dono da empresa; o segundo, porque não acompanhou os desdobramentos das negociações por alguns períodos já que sua mulher estava tratando um câncer em 2014.

O ex-executivo disse que usava as empresas do Grupo Petrópolis porque o grupo Odebrecht não queria ser listado como a maior doadora a políticos. Já Marcelo Odebrecht afirmou que “usava muito” a Itaipava para fazer doações eleitorais sem que o nome da empreiteira se tornasse público e, depois, “procurava um jeito” de reembolsar a cervejaria. Em março do ano passado, foram encontradas planilhas na casa de BJ que mostravam a ligação da empreiteira com a cervejaria. A Itaipava tem afirmado que “todas as doações feitas pelo Grupo Petrópolis seguiram estritamente a legislação eleitoral e estão registradas”.

A colheita de depoimentos de delatores da Odebrecht, determinada pelo relator Herman Benjamin, continua na próxima semana. Na segunda-feira, outros três ex-executivos serão ouvidos.


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