A bancada de Minas Gerais na Câmara dos Deputados pode dificultar a vida do presidente Michel Temer (PMDB) na aprovação das reformas da previdência, trabalhista e tributária. O recado, em tom de quase ameaça, foi dado pelo coordenador do grupo, deputado Fábio Ramalho (PMDB) na saída de um encontro dos parlamentares com o governador Fernando Pimentel (PMDB) nesta segunda-feira, no Palácio da Liberdade.
Isso se o governo Temer não aceitar fazer um acerto de contas com Minas e suspender o pagamento da dívida mineira com a União. "Não vamos aceitar rasteira, queremos diálogo com a gente" afirmou Ramalho, que emendou na sequência: "para que tenha as reformas o governo precisa do povo mineiro".
O deputado federal Domingos Sávio (PSDB) afirmou que não concorda com as posições "emocionais" tomadas por Fábio Ramalho. "O Fabinho não pode detonar o governo porque uma indicação não foi aceita. Se colocar contra a reforma da previdência, por exemplo, pode prejudicar o país. Sou da bancada e não concordo com isso", disse Sávio, que esteve na Câmara Municipal de Belo Horizonte nesta segunda-feira para uma reunião com o presidente da Casa, Henrique Braga (PSDB).
APOIO No encontro, Pimentel pediu apoio aos deputados mineiros à negociação da dívida pedida por MG ao governo federal. O governador enviou ofício a Temer no fim de fevereiro pedindo a abertura de uma negociação para extinguir a dívida de Minas com a União. Segundo Pimentel, o governo federal deve R$135,67 bilhões a Minas Gerais por causa das perdas do Estado com a Lei Kandir, que desonera as exportações do ICMS.
A dívida mineira coma União, por sua vez, é de R$ 88,35 bilhões. Pimentel está se valendo de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de novembro do ano passado que deu um prazo de 12 meses para que o Congresso aprove lei determinando uma compensação aos Estados pela lei Kandir.
Segundo o secretário de governo Odair Cunha(PT), o que Minas quer é a suspensão imediata do pagamento mensal da dívida. Ele alega que, mesmo nas contas do governo, MG sendo credor de cerca de R$ 40 bilhões, o objetivo não é cobrar essa diferença agora.