O deputado João Leite (PSDB) lamentou, na tarde desta quinta-feira, a divulgação do vídeo em que ele diz à colega Geisa Teixeira (PT), que presidia a sessão, que gosta deste modelo de mulher “silenciosa” na condução dos trabalhos no Legislativo. Segundo o parlamentar, a fala foi retirada de contexto e o vídeo foi editado.
O tucano afirmou que estava elogiando a deputada Geisa por sua atuação na reunião. De acordo com ele, houve uma briga e ela esperou o momento certo e foi firme e tranquila na condução dos trabalhos.
“É uma coisa que veio da esgotosfera. Tenho uma vida de seis mandatos de defesa da mulher, quatro filhas, sou casado há 38 anos, é uma injustiça sem tamanho tornar uma coisa dessas nacional e prejudicar a minha imagem”, afirma.
João Leite disse que na sessão havia homenageado sua neta Beatriz, que nasceu naquele dia, uma delegada e a deputada Geisa. “Fiz um elogio às mulheres, tenho uma atuação como líder cristão em defesa da mulher e estou abismado com o que fizeram. As pessoas pegam e vem dizer que sou machista? Essa não é a minha história”, disse.
Na Assembleia, o deputado disse que ia procurar saber quem divulgou o vídeo e tomar as medidas cabíveis.
Na reunião de quarta-feira, em homenagem ao dia da mulher, a deputada Geisa Teixeira presidiu a sessão. Depois do seu discurso, João Leite elogiou a colega, quando acabou cometendo a gafe. “Eu queria agradecer a paciência da presidente Geisa Teixeira, tão amável. Gostei desse modelo de mulher na Mesa: educada, amável, silenciosa”. A fala foi compartilhada nas redes sociais.
O vídeo publicado pelo Estado de Minas não é o mesmo que circula nas redes sociais. Ele foi retirado, sem cortes, dos minutos finais da sessão desta quarta-feira transmitida pela TV Assembleia.
Geisa se manifesta
Apesar de não ter esboçado nenhuma reação negativa na hora e ter inclusive abraçado o colega, Geisa Teixeira divulgou nota na tarde desta quinta-feira condenando a fala de João Leite. “Jamais me silenciarei diante do machismo, diante da tentativa de diminuir a importância e a participação das mulheres na política e em todos os segmentos sociais. Esse tipo de situação muito mais nos fortalece”, disse.
A petista disse que não se silenciou ao presidir a sessão e que usou a tribuna para defender uma maior participação das mulheres na política. “O Brasil é um país machista, e na Assembleia não é diferente. Somos apenas seis deputadas em um universo de 77 deputados estaduais. Quando uma mulher ocupa, mesmo que temporariamente, a presidência da Casa, ela está ali representando todas as mulheres e a necessidade delas ocuparem mais espaços na política”, diz a nota.