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Estado de Minas

Ministro citado na Lava-Jato retoma articulação da reforma da previdência

Ministro da Casa Civil volta ao trabalho segunda-feira para tocar conversas para mudar a Previdência. Com isso, desvia atenção da investigação do procurador-geral


postado em 11/03/2017 07:00 / atualizado em 11/03/2017 07:48

Brasília - Após mais de duas semanas ausente do trabalho, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, retornará ao Palácio do Planalto na segunda-feira envolto em clima de inquietação que toma conta do governo. A tão temida lista enviada ao Supremo Tribunal Federal com os pedidos de investigação pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, é esperada para o início da semana. A expectativa é de que Padilha seja alvo de um pedido de abertura de inquérito. O ministro, porém, deverá dar o tom que o presidente Michel Temer tem pregado: de que o governo não pode parar. Por isso, e para evitar o foco nas investigações, começará a tocar as negociações para aprovar a reforma da Previdência, tão logo chegue a Brasília.

Padilha passou por uma operação para retirar a próstata em 27 de fevereiro. Ficou internado em um hospital em Porto Alegre até quarta-feira. Por ordens médicas, só foi autorizado a viajar na segunda. Pela manhã, ele chegará a Brasília e já tem uma série de reuniões agendadas ao longo do dia com a equipe, para tomar pé da situação. Na última semana, o presidente promoveu um jantar com ministro e aliados para discutir a reforma da Previdência, da qual Padilha é o principal articulador.

A expectativa é de que a chamada lista de Janot inclua pedidos de abertura de inquérito contra integrantes do núcleo duro do Planalto. Entre eles, está o próprio Padilha, além do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Wellington Moreira Franco, e de líderes do governo, como o senador Romero Jucá (PMDB-RR). O ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab, também pode ser alvo de pedidos de investigação que serão entregues ao Supremo.

Apesar de mencionados, os ministros devem inicialmente permanecer no cargo. Temer estabeleceu uma linha de corte sobre o que fará depois da lista. Se o integrante do governo for denunciado, deverá ser licenciado por tempo determinado. Se virar réu, o afastamento passa a ser definitivo. Apesar da nuvem de apreensão, interlocutores do Palácio do Planalto garantem que o presidente está tranquilo, focado em tocar as matérias econômicas e criar agendas positivas.

Temer não esconde a vontade de que Padilha volte ao trabalho. “Ele faz muita falta ao governo, espero que volte logo”, disse em entrevista na quinta-feira. O ministro estava à frente das negociações para aprovar a reforma da Previdência, a qual enfrenta resistência da base, especialmente do PSDB. O chefe da Casa Civil demonstra intenção de sair do governo, antes do decorrer das investigações. Sobre os outros integrantes do governo, Temer espera que quem estiver citado na lista pedirá para sair.

PMDB Diversos integrantes do governo e o próprio presidente foram citados em delações premiadas de executivos da Odebrecht. Uma delas aponta o envolvimento de quase toda a cúpula do PMDB em um esquema de pagamento de propina para desvio de dinheiro da Petrobras para aprovação de projetos no Congresso e doações de campanha.

O ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho, que prestou novo depoimento esta semana no âmbito da ação de cassação da chapa Dilma-Temer no TSE, afirmou que houve o acerto do pagamento de R$ 10 milhões da empresa ao PMDB, em um jantar com Temer. Do total, R$ 4 milhões teriam sido pagos diretamente a Padilha para repasse a campanhas do partido. O ministro já afirmou que todo o montante foi declarado.


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