Padilha passou por uma operação para retirar a próstata em 27 de fevereiro. Ficou internado em um hospital em Porto Alegre até quarta-feira. Por ordens médicas, só foi autorizado a viajar na segunda. Pela manhã, ele chegará a Brasília e já tem uma série de reuniões agendadas ao longo do dia com a equipe, para tomar pé da situação.
A expectativa é de que a chamada lista de Janot inclua pedidos de abertura de inquérito contra integrantes do núcleo duro do Planalto. Entre eles, está o próprio Padilha, além do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Wellington Moreira Franco, e de líderes do governo, como o senador Romero Jucá (PMDB-RR). O ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab, também pode ser alvo de pedidos de investigação que serão entregues ao Supremo.
Apesar de mencionados, os ministros devem inicialmente permanecer no cargo. Temer estabeleceu uma linha de corte sobre o que fará depois da lista. Se o integrante do governo for denunciado, deverá ser licenciado por tempo determinado. Se virar réu, o afastamento passa a ser definitivo. Apesar da nuvem de apreensão, interlocutores do Palácio do Planalto garantem que o presidente está tranquilo, focado em tocar as matérias econômicas e criar agendas positivas.
Temer não esconde a vontade de que Padilha volte ao trabalho. “Ele faz muita falta ao governo, espero que volte logo”, disse em entrevista na quinta-feira. O ministro estava à frente das negociações para aprovar a reforma da Previdência, a qual enfrenta resistência da base, especialmente do PSDB. O chefe da Casa Civil demonstra intenção de sair do governo, antes do decorrer das investigações. Sobre os outros integrantes do governo, Temer espera que quem estiver citado na lista pedirá para sair.
PMDB Diversos integrantes do governo e o próprio presidente foram citados em delações premiadas de executivos da Odebrecht. Uma delas aponta o envolvimento de quase toda a cúpula do PMDB em um esquema de pagamento de propina para desvio de dinheiro da Petrobras para aprovação de projetos no Congresso e doações de campanha.
O ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho, que prestou novo depoimento esta semana no âmbito da ação de cassação da chapa Dilma-Temer no TSE, afirmou que houve o acerto do pagamento de R$ 10 milhões da empresa ao PMDB, em um jantar com Temer.