Fortaleza – Em frente ao cortejo, um carrinho de mão coberto por bandeiras do movimento de travestis e transexuais lembrava o crime bárbaro contra a travesti Dandara Kataryne, de 42 anos, em Fortaleza.
Batizado de Chega de Lero Lero, o protesto também contou com a divulgação de carta aberta ao governador do estado, Camilo Santana. “Chega de lero lero. Não queremos mais ações pontuais LGBT. Queremos que tenham direitos respeitados. Dandara é somente mais uma travesti assassinada.
Entidades da sociedade civil participantes do ato, que reuniu cerca de 200 pessoas, também pedem a punição dos assassinos de Dandara. Outra reivindicação é a inclusão nos planos e iniciativas da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social acolhimento e resposta ágil em crimes contra essa população. Além disso, eles querem a efetivação do plano estadual de políticas públicas para essa população e a criação do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos humanos LGBT.
“Não há nosso reconhecimento como sujeitos de direito e não conseguimos acessar as políticas públicas”, reforça Dário. Já a presidente da Associação de Travestis do Ceará, Tina Rodrigues, acredita ser a hora da mudança. “Estamos cansadas de ser massacradas”, afirma. Para ela, a morte de Dandara representa um momento marcante para lutar contra a transfobia. Com a foto da filha estampada na camiseta, a mãe de Dandara, Francisca Vasconcelos, espera que isso leve a uma melhoria. “Espero que dê um basta no preconceito”, diz.
A cabeleireira Andriana Matarazzo, mulher trans de 37, é militante do movimento na Paraíba e fez questão de comparecer ao ato. Foi ela quem comprou o carrinho de mão usado para simbolizar o crime brutal cometido contra Dandara. “Eu também já fui agredida. Skinheads me bateram em Curitiba. Mas não é só a agressão física que sofremos. Somos motivo de chacota, de piada”, lamenta.
Dandara morreu em 15 de fevereiro, no Bairro Bom Jardim.