O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, retornou nesta segunda-feira ao cargo depois de uma licença de quase um mês para a retirada da próstata.
O retorno de Padilha acontece na semana em que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, promete enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma lista de parlamentares e ministros do governo implicados nas delações premiadas de ex-executivos da Construtora Odebrecht.
De acordo com um dos ex-executivos da construtora, José de Carvalho Filho, Padilha recebeu da Odebrecht pelo menos quatro senhas para o pagamento de caixa 2 ao PMDB.
Carvalho fez a revelação emo em depoimento prestado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que julga a anulação da chapa que elegeu, em 2014, a ex- presidente Dilma Rousseff (PT) e o então vice- presidente Michel Temer (PMDB).
De acordo com o ex-executivo, as senhas eram Foguete, Árvore, Morango e Pinguim.
Carvalho também afirmou ao TSE que Padilha intermediou o pagamento de caixa 2 para o PMDB. Padilha teria acertado locais de entrega do dinheiro da empreiteira mediante senhas trocadas com o ex-executivo.
O valor total destinado ao PMDB chegou a R$ 5 milhões, dos quais R$ 500 mil teriam sido destinados ao então deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
A delação de Carvalho aconteceu durante a internação de Padilha para a cirurgia. O ministro respondeu então que não se manifestaria enquanto não tivesse conhe3cimento do inteiro teor do depoimento.
Efeito Cunha
Na quarta-feira passada (8), o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), pediu que o ministro licenciado da Casa Civil, Eliseu Padilha, volte "imediatamente" ao cargo. Caso contrário, Renan afirmou que um aliado do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso em Curitiba, assumirá o posto.
O peemedebista se referiu diretamente a Gustavo Rocha, atual subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil. Rocha foi advogado de Cunha e chegou a ser cotado para assumir o Ministério da Justiça no lugar de Alexandre de Moraes, há cerca de um mês.
Segundo Renan, outros aliados de Cunha no Congresso também estão em meio a uma ofensiva para conquistar cargos no governo.
Renan também criticou indicações recentes de Michel Temer para cargos no governo, citando o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), nomeado como ministro da Justiça, o deputado André Moura (PSC-SE) como líder do Congresso e o deputado Aguinaldo Silva (PP-PB), que assumiu a liderança do governo na Câmara.Todos são aliados de Cunha.
Agenda oficial
A agenda oficial do presidente Michel Temer consta apenas um a reunião com o general Sérgio Etchegoyen, ministro de Estado Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Entretanto, o ministro Padilha deverá se encontrar ainda hoje com o presidente para acertar as suas tarefas nesse retorno ao cargo.