O executivo prestou depoimento como testemunha de defesa de Marcelo Odebrecht. A procuradora Laura Tessler, do Ministério Público Federal, no Paraná, quis saber de Márcio Faria quem era 'italiano'.
"A referência a pessoa de codinome 'Italiano', há em diversos desses e-mails, quem é essa pessoa que se refere esse codinome 'Italiano'? Se o sr tem conhecimento...", perguntou a procuradora.
"Sim sra, tenho conhecimento", afirmou Márcio Faria.
"Quem seria?", questionou o Ministério Público Federal.
"É o ex-ministro Palocci", disse o delator.
"Qual a relação estabelecida com o ex-ministro Palocci?", perguntou Laura Tessler.
"A relação com o ex-ministro Palocci não era de minha alçada, não era escopo meu. Eu não tratava com o ministro Palocci", disse Márcio Faria.
"Quem tratava com o ministro Palocci?", quis saber a procuradora.
"Marcelo Odebrecht", afirmou taxativamente. "Eu não tinha demanda com o ex-ministro Palocci."
Os investigadores suspeitam que Palocci recebeu R$ 128 milhões da empreiteira e que parte desse dinheiro teria sido destinado ao PT.
Uma planilha do Departamento de Operações Estruturadas - setor da Odebrecht que teria a missão de pagar propinas a agentes políticos - traz o codinome "Italiano".
Durante o depoimento, Márcio Faria voltou a dizer que Marcelo Odebrecht era quem "tratava" com Antonio Palocci.
"As discussões com o ministro Palocci eram realizadas pelo Marcelo. Eu nunca tive esse tipo de discussão com o ministro Palocci", disse.
Petrobrás
Emílio Odebrecht e Márcio Faria prestaram depoimento por videoconferência na Justiça Federal, em São Paulo. Ligados à cúpula da empreiteira, eles falaram em ação penal da Lava Jato em Curitiba na qual o ex-ministro Antônio Palocci (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma) é acusado de atuar para favorecer os interesses da Odebrecht junto ao governo federal na contratação de sondas de exploração do pré-sal com a Petrobras.
Márcio Faria afirmou que foram pagas propinas aos ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa (Abastecimento) e Renato Duque (Serviços) e ao ex-gerente da estatal Pedro Barusco. O delator, no entanto, declarou que não houve pagamento de vantagens indevidas sobre contrato do Estaleiro Paraguaçu.
"Foi um acordo que fizemos entre os acionistas, porque você tinha um investimento privado muito alto.
O juiz Sérgio Moro quis saber se outros acionistas não pagaram por conta própria.
O delator disse acreditar que não. "Que eu saiba, não. Se pagaram, foi por conta e risco deles."
Moro questionou o "objetivo" do repasse de solicitações de Marcelo Odebrecht a Antonio Palocci.
"Excelência, entendo eu que, pelo cargo que o ex-ministro Palocci ocupava, era o acompanhamento, inclusive, para ver o posicionamento do governo", afirmou Márcio Faria..