Brasília, 13 - Em meio aos depoimentos de delatores da Odebrecht colhidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e à expectativa da nova lista de pedidos de abertura de inquérito da Operação Lava Jato, o presidente Michel Temer se reuniu com o presidente do TSE, Gilmar Mendes, neste domingo, 12. O encontro não foi divulgado nas agendas oficiais.
As revelações dos ex-executivos da empreiteira têm preocupado o Palácio do Planalto porque serão levadas em conta nas ações que pedem a cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer. Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo no fim de semana, ministros do TSE admitem que os depoimentos aumentam a gravidade do caso, mas afirmam que a manutenção da estabilidade política do País deve ser levada em conta durante o julgamento da chapa.
Nesta segunda-feira, 13, Gilmar defendeu publicamente essa tese. "Sempre se considera (a estabilidade política). Nós não temos juízes de Marte, são juízes do Brasil. Em todas as circunstâncias, nós levamos em conta. Mas não que isso vá presidir o julgamento, é um julgamento complexo", disse, após lançar, em São Paulo, uma campanha para cadastrar todos os eleitores do País no sistema biométrico do TSE.
À reportagem, o ministro disse que não conversou com Temer sobre a situação das ações no TSE, nem sobre a nova lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Os dois falaram apenas sobre reforma política. Gilmar foi ao Palácio do Jaburu após um almoço na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), onde se discutiu mudanças no sistema eleitoral e financiamento de campanha.
Segundo o presidente do TSE, tem ganhado força a ideia de um financiamento com dinheiro público, desde que se mude para o sistema de lista fechada. "O que eu acho que é totalmente fora de ciência ficar discutindo financiamento no sistema atual, porque é enxugar gelo. É preciso alterar o sistema eleitoral, para aí adequar o financiamento", disse.
Encontros
Temer tem mantido uma interlocução constante com o presidente do TSE. Em janeiro, o ministro pegou uma carona na comitiva presidencial para voltar a Portugal, onde passava férias com a família. A viagem fez chover críticas à conduta de Gilmar. Após a polêmica, o ministro rebateu as acusações e disse que mantém relações institucionais de "companheirismo e diálogo" com Temer há mais de 30 anos.