O movimento é definido nos bastidores do Congresso como "legislação de salvação" para evitar o que parlamentares chamam de "criminalização generalizada da atividade política".
Uma das propostas em discussão é a que prevê financiamento público com lista de candidatos indicados pelos partidos.
Para tratar do assunto, o presidente Michel Temer convocou uma reunião para esta quarta-feira, 15, com líderes do Congresso. O tema também foi debatido em almoço no domingo, que reuniu parlamentares e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes.
O encontro, oferecido pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para comemorar o aniversário do ministro da Secretaria de Governo, Antônio Imbassahy, e do presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), contou com o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), e o presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN).
"Foi feita uma conversa que a essência foi a de que você pode, sim, fazer financiamento público, à medida que tenha uma lista partidária pré-ordenada. O partido organiza a lista política. Isso passa com facilidade pelo Senado e, na Câmara, o deputado (José) Carlos Aleluia (BA) (vice-líder do DEM na Câmara) sugeriu que se dê o direito de candidatura nata para os atuais detentores de mandato parlamentares", afirmou Agripino. "É uma ideia que teve consenso."
Para Aleluia, há consenso de que é preciso alterar o atual modelo de doação de campanha. "Todos acham que o sistema atual não permite ter uma campanha saudável em 2018", disse o deputado do DEM. Parlamentares consideram difícil retomar o financiamento empresarial de campanha.
Uma possível mudança no atual sistema eleitoral tem o respaldo de Gilmar Mendes, que, após o almoço de domingo, esteve com Temer.
"Eu acho que é totalmente fora de ciência ficar discutindo financiamento no sistema atual, porque é enxugar gelo. É preciso alterar o sistema eleitoral, para aí adequar o financiamento", defendeu Gilmar, após deixar o Palácio do Jaburu, residência de Temer em Brasília.
A intensificação da busca por um novo modelo ocorre menos de uma semana depois da decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal que aceitou a denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República contra o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A acusação formal é a de que os R$ 500 mil doados oficialmente pela Queiroz Galvão à campanha de Raupp ao Senado em 2010 seriam "propina disfarçada".
'Arcaico'
"Com toda essa confusão que está aí, está claro que o modelo de financiamento ficou para trás, é arcaico. Temos de encontrar um mecanismo porque não existe democracia sem política", afirmou ao Estado Eunício Oliveira.
Em um encontro nesta segunda-feira, 13, em Brasília, o presidente do Senado também tratou do tema com o ministro do Supremo Luís Roberto Barroso. Atualmente, Barroso é suplente no Tribunal Superior Eleitoral.
"Coloquei meu pensamento e ele considerou que um novo modelo de financiamento é um bom encaminhamento para se discutir. O modelo de financiamento privado morreu e deixou muitos problemas", disse Eunício. Segundo ele, a alternativa em discussão é a de utilizar recursos do Fundo Partidário. .