O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou em depoimento na Justiça Federal ter atuado para impedir que Nestor Cerveró, ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, um dos principais informantes da Operação Lava-Jato, fizesse delação premiada. Lula disse que nunca teve intimidade com Cerveró e que não faria nenhum sentido articular sua fuga. Esse foi o primeiro depoimento de Lula no âmbito da Lava-Jato.
O ex-presidente disse ainda que vem sofrendo anos "quase que um massacre" pela série de acusações que lhe são dirigidas há cerca de três anos, quando começaram as investigações da operação. “Sabe o que é levantar todo dia com a imprensa está na porta de casa achando que você vai ser preso?”, questionou.
Em delação, Delcídio disse que seu ex-chefe de gabineteDiogo Ferreira, o banqueiro André Esteves – sócio do BTG Pactual –, o advogado Edson Ribeiro, o pecuarista José Carlos Bumlai e o filho dele, Maurício Bumlai, teriam tentado, com a ajuda de Lula, impedir que Cerveró revelasse à Justiça detalhes do esquema de corrupção que atuava na Petrobras em troca de uma redução da pena. Segundo Lula, tudo não passa de ilações do ex-senador com quem Lula afirma ter tido apenas relações institucionais.
Ainda segundo o ex-presidente a Lava-Jato é assunto recorrente em todo o país. “Lava-Jato, no Brasil, a gente fala no café da manhã, no almoço, na janta e depois da novela”, afirmou o ex-presidente.
Segundo Lula, era Delcídio quem tinha relação com Cerveró, e não ele. O ex-presidente relatou ainda como seriam os processos de indicação para diretorias da Petrobras destacando que as nomeações eram técnicas e que a decisão final era do Conselho de Administração da Petrobras. Ele foi questionado pelo juiz sobre como funcionavam as indicações para os cargos de comanda na estatal e se ele acompanha esse procedimento. “O presidente não indica, recomenda ao Conselho a indicação de tal pessoa recomendada por tal partido político a partir da capacidade técnica. Era assim que funcionava no governo anterior, no governo militar e deve funcionar hoje”, afirmou.
Ele também afirmou ser a favor da Lava-Jato, ao contrário do que muita gente diz. “Tem gente que acha que sou contra a Lava-Jato, mas pelo contrário, quero que vá fundo para ver se acaba com a corrupção. Sou contra querer fazer pela imprensa e não pelos autos”, afirmou.
Lula disse que vai "matar de raiva" a imprensa porque continuará aparecendo na liderança das pesquisas e que vai continuar defendendo sua honra. “Um cidadão que nasce no Nordeste e não morre de fome aos cinco anos não tem medo de cara feia. Quero defender minha honra, que é o valor mais importante que eu tenho”, afirmou.