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Estado de Minas

Autoridades não podem fazer 'pirotecnia' com as pessoas, diz Lula em depoimento

Hoje as pessoas não podem nem ver a luz da geladeira que já saem dando declarações", afirmou o ex-presidente em depoimento à Justiça Federal.


postado em 14/03/2017 12:19 / atualizado em 14/03/2017 12:51

Brasília, 14 - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar integrantes da força-tarefa da Lava-Jato por fazerem "pirotecnia com as pessoas", mas afirmou ser a favor das investigações. "Tem gente que acha que eu sou contra a Lava-Jato. Pelo contrário, quero que ela vá fundo. Sou contra tentar criminalizar a pessoa pela imprensa e não pelos autos", declarou o petista em seu primeiro interrogatório como réu na Justiça Federal. Lula é acusado de participar da tentativa de compra do silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.

Lula defendeu que o seu governo incentivou o combate à corrupção e a independência das instituições. "Cansei de ver instituições que ajudei a criar desprestigiadas por opinião pessoal (...) Hoje as pessoas não podem nem ver a luz da geladeira que já saem dando declarações", afirmou. Lula disse que "cansou de ver autoridades dizendo que 'não têm provas, têm convicções'", relembrando fala do procurador Deltan Dallagnol que disse ter convicção da participação de Lula em esquema criminoso e que a força-tarefa não terá provas cabais contra ele.

Durante o depoimento, que durou cerca de uma hora, Lula agradeceu ao juiz federal Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal, pela oportunidade de falar para um magistrado "imparcial". "Quero agradecer a oportunidade de prestar depoimento, pois estou com muita coisa engasgada", declarou em uma de suas falas.

O petista disse que, se pudesse, prestaria os depoimentos de todos os seus processos em uma única semana para desvendar todos os "mistérios" que pairam sobre ele.

A audiência provocou mudanças no trânsito no entorno da Justiça Federal e também no interior do edifício. Além da sala de audiências, o depoimento foi transmitido simultaneamente por vídeo em outro andar do edifício para a imprensa. Desde o início da manhã, a rua que dá acesso ao prédio está interditada para o tráfego de veículos. Ao final da audiência, um grupo de cerca de 20 pessoas fez uma manifestação ao lado de fora a favor do ex-presidente.


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