Reforma da Previdência tem prova de fogo hoje durante protestos

Centrais sindicais mobilizam trabalhadores, com apoio de estabelecimentos de ensino, para protesto hoje contra mudanças nas regras de aposentadoria defendidas pelo governo federal

Juliana Cipriani
Ministro Eliseu Padilha (C) comandou reunião para discutir envio da reforma da Previdência para o Congresso - Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

O governo federal terá uma prova de fogo nesta quarta-feira para avaliar a viabilidade política e a aceitação popular da reforma da Previdência enviada ao Congresso Nacional. Enquanto o presidente Michel Temer (PMDB) intensificou a articulação para angariar votos a favor das mudanças nas regras de aposentadoria – e colocou o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, às voltas com a Operação Lava-Jato, como articulador da votação –, as centrais sindicais convocaram para hoje uma paralisação nacional contra a proposta de emenda à Constituição.

A mobilização vai contar com a participação de escolas públicas e particulares, metroviários, petroleiros, funcionários dos Correios, profissionais da saúde e outras categorias.

Para tentar sacramentar a reforma, o Ministério do Planejamento divulgou  nessa qurata-feira (14) números segundo os quais o rombo da Seguridade Social, que inclui saúde, assistência social e Previdência, cresceu 55,4% entre 2015 e 2016 e chegou a R$ 258,7 bilhões no ano passado.

Ainda nessa terça-feira (14) Temer cobrou do relator da reforma, Arthur Maia (PPS-BA), que não se posicione publicamente sobre o assunto. A orientação para a base é não falar negativamente da proposta e tentar unificar o discurso.

Em Belo Horizonte, as centrais sindicais convocaram ato para as 9h na Praça da Estação, de onde seguem para a Praça Sete e Assembleia. Os sindicalistas prometem parar Minas Gerais. Segundo balanço divulgado nessa quarta-feira (14), 24 categorias aderiram à mobilização em todo o estado.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra fará novas ocupações e ameaçou invadir fazendas caso os deputados federais, especialmente mineiros, aprovem a proposta do governo Temer.

Paralisação

Várias manifestações de movimentos populares e centrais sindicais estão previstas para o Dia Nacional de Paralisações. Os metroviários de BH prometem parar 100% a partir da zero hora de hoje, mas, liminar do Tribunal Regional do Trabalho concedida na noite dessa quarta-feira (14), obriga a categoria a manter um mínimo de 30% de funcionamento. Todas as categorias que protestam consideram a reforma da Previdência um desmonte da aposentadoria dos trabalhadores.

O temor é que, com a idade mínima e o aumento do tempo de contribuição necessários para obter o benefício acabem com a aposentadoria do brasileiro.

Os sindicatos dos motoristas e trabalhadores em transporte rodoviário e o dos metroviários de São Paulo informaram que vão paralisar as atividades hoje. Aproximadamente nove milhões de pessoas usam os coletivos diariamente. Já o metrô transporta cerca de cinco milhões. Mas, nessa quarta-feira (14) à tarde, a juíza Maria Gabriella Pavlópoulos Spaolonzi, da 13ª Vara da Fazenda Pública Central, deferiu liminar ao pedido da administração do prefeito João Doria (PSDB). A medida determina que o sindicato garanta o funcionamento do sistema de transporte coletivo de ônibus, com o mínimo de 85% da frota operando em linhas que atendam hospitais e escolas e 70% nas demais linhas, informou a Justiça. “A magistrada fixou multa de R$ 5 milhões por hora em caso de descumprimento”, diz nota da corte.

“Essa não é uma reforma emendável, ela precisa ser derrotada. Nossa luta é para derrotar a reforma da Previdência no Congresso Nacional”, afirmou a presidente da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT), Beatriz Cerqueira. Ela informou que o grupo iniciou um processo de pressão aos deputados federais mineiros para que a bancada do estado vote contra o projeto. “Os atos não se concentram só na capital, a proposta é parar Minas Gerais”, afirmou.

ESCOLAS Mais de 20 escolas particulares das maiores do estado, como Santo Agostinho, Santo Antônio, Loyola e Bernoulli, anunciaram que não vão abrir as portas para marcar a posição dos professores contra a reforma da Previdência. Já nas escolas públicas a paralisação de hoje será o início de uma greve por tempo indeterminado. Além da pauta da reforma da Previdência, eles se mobilizam pelo cumprimento da lei do piso nacional da educação e do acordo do governador Fernando Pimentel (PT) de conceder a recomposição salarial para a categoria no estado.

O presidente do Sindfisco, Lindolfo Fernandes de Castro, contesta a informação de que a reforma seria necessária por causa de um deficit da Previdência. “Pelos dados que pegamos do próprio governo, a Seguridade Social teve uma receita de R$ 673,9 bilhões em 2015. As despesas com benefícios foram de R$ 428,9 bilhões e, somados outros gastos, ainda sobra um superavit de R$ 11 bilhões”, afirma.

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