Milhares de manifestantes contrários à reforma da Previdência proposta pelo governo Michel Temer (PMDB) participam na tarde desta quarta-feira de audiência pública em frente à Assembleia Legislativa de Minas Gerais para discutir as mudanças nas regras da aposentadoria. A audiência vai contar com a presença do ex-ministro de Dilma Rousseff Carlos Eduardo Gabas, que comandou a Previdência.
O evento encerrará um dia de mobilização contra a reforma. Desde cedo, trabalhadores estão nas ruas pedindo a rejeição da Proposta de Emenda à Constituição 287/2016. Vindos de vários locais e mobilizados por entidades de classe de várias categorias, o grupo se reuniu na Praça da Estação, fez ato na Praça Sete (vídeo acima) e seguiu em caminhada até a Assembleia Legislativa. Segundo a Central Única dos Trabalhadores, são 100 mil manifestantes.
Já a Polícia Militar disse que não faz estimativas de público em protestos. Com gritos de “Fora Temer” e palavras de ordem contra o texto, eles distribuíram material à população e pediram que o povo vá às ruas pedir a derrubada das mudanças propostas para o sistema previdenciário brasileiro. Desde o início da manhã, representantes dos professores das escolas públicas e particulares, dos correios, eletricitários, profissionais da saúde, construção civil, petroleiros, movimentos de atingidos por barragens e outros se manifestaram com cartazes, bandeiras e símbolos, como caixões e cruzes, que representariam a morte da aposentadoria dos brasileiros.
Além dos atos nas ruas, as centrais sindicais pedem a mobilização de todos para lotar as caixas de emails e os telefones dos 53 deputados federais mineiros para pressioná-los a rejeitar a reforma da Previdência. Os parlamentares serão convidados para um encontro com os sindicalistas no dia 20 de março na Assembleia para discutir o tema. “O recado de Minas Gerais está dado contra a reforma da Previdência. E nós da educação seguimos em greve por tempo indeterminado”, anunciou a presidente da Cut e do SindUte Beatriz Cerqueira.
Segundo ela, nem mesmo as 146 emendas apresentadas à PEC, segundo a dirigente sindical, serão suficientes para solucionar os prejuízos aos trabalhadores. “Não adianta emendas, a estrutura da reforma é de retirada de direitos”, disse. A principal crítica contra a Reforma da Previdência é ao estabelecimento da idade mínima de 65 anos para se aposentar e dos 49 anos mínimos de contribuição necessários para ter o benefício integral.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e outras 160 entidades já se manifestaram contra o projeto de Temer. Entre outras críticas às mudanças propostas estão ainda a precarização para os trabalhadores rurais e o fim da aposentadoria especial para professores. A classe da educação permanece em greve por tempo indeterminado em Minas Gerais. ESCOLAS Também no estado algumas das principais escolas particulares de BH, como Bernoulli, Santo Agostinho e Nossa Senhora das Dores pararam suas atividades ontem contra a Reforma da Previdência.
“Tivemos a adesão de mais de 20 das grandes escolas em BH e um número expressivo no interior. Os professores entenderam a gravidade desta reforma e que ela prejudica não só as suas vidas, mas a dos pais de alunos e dos alunos”, afirmou a presidente do sindicato das escolas particulares (Sinpro Minas), Valéria Morato. Alguns deputados estaduais do PT participaram do ato e subiram no carro de som dizendo palavras de ordem contra o governo Temer.
Durante o percurso, sindicalistas se revezaram no caminhão de som pedindo apoio popular contra a reforma da Previdência. A presidente do sindicato dos servidores do Ipsemg, Maria Abadia de Souza, chamou os populares para engrossar o protesto. “Vocês que estão nos vendo passar não vão conseguir se aposentar se essa reforma passar. Querem que o povo morra, venham para a rua, só assim vamos conseguir barrar essa reforma”, afirmou.
A presidente do Sindicato dos Servidores da Justiça de Primeira Instância do Estado de Minas Gerais (Serjusmig), Sandra Silvestrini, se dirigiu às mulheres ao falar no carro de som e disse que a reforma as prejudica ainda mais ao igualar o tempo necessário para a aposentadoria ao dos homens. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios, Robson Gomes da Silva, afirmou que a situação da categoria é ainda pior. “O trabalho do carteiro na rua é pesado. Imagina ter que trabalhar 49 anos para se aposentar? A adesão ao movimento contra a reforma da Previdência é uma obrigação de todo cidadão”, disse.