"Eu sempre fui um reformista e acho que o Brasil vive um momento dramático que precisa de reformas, mas o governo precipitadamente já inviabilizou a reforma da Previdência e, se continuar seguindo o mesmo encaminhamento que tem seguido nas reformas... Já inviabilizou o Refis, não houve adesão absolutamente nenhuma. A área econômica quer tratar da reforma do PIS e da Cofins elevando a carga tributária", afirmou.
Renan se manifestou durante discussão sobre a possibilidade de o plenário aprovar regime de urgência para o projeto que endurece as regras do direito de greve, considerado prioridade do governo. O requerimento acabou sendo retirado de pauta pelo presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), após forte pressão da oposição.
Em sintonia com o discurso dos adversários de Temer, Renan fez um apelo a Eunício. "Neste dia, senhor presidente, eu queria que o senhor levasse isso em consideração, com a lealdade da nossa amizade. O Brasil todo está nas ruas. Votarmos exatamente hoje a urgência para essa matéria é um preço que nós não podemos pagar", disse.
Pouco antes de entrar no plenário, Renan já havia criticado a reforma da Previdência. Segundo ele, o governo "criou muita dificuldade" para a tramitação do texto no Congresso e, se persistir, vai acabar inviabilizando outras reformas como a tributária e a trabalhista. "O que eu temo é que o governo continue equivocadamente encaminhando essas reformas", disse durante coletiva de imprensa.
Para conter os ânimos de Renan, que tem reforçado posicionamento contra a reforma, o presidente Temer marcou um jantar com peemedebistas na noite desta quinta-feira. Na semana passada, o líder do PMDB declarou que o governo deveria fazer uma reforma mais realista. "A reforma na época do presidente Fernando Henrique Cardoso foi a possível, a da Dilma foi a possível, a do Lula foi a possível, e nós temos que fazer a possível com o Michel Temer", acrescentou.
Renan também subiu o tom contra o governo há alguns dias ao insinuar que o deputado cassado Eduardo Cunha, preso em Curitiba, está emplacando aliados em cargos importantes do governo. Segundo o líder do PMDB, Cunha tenta chantagear Temer. Ele criticou as indicações de Osmar Serraglio (PMDB-PR) para ministro da Justiça, do deputado André Moura (PSC-SE) para a liderança do Congresso e do deputado Aguinaldo Silva (PP-PB) para a liderança do governo na Câmara. Todos são considerados aliados de Cunha..