Valente também pretende entrar com uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB), flagrado em conversa com o fiscal agropecuário Daniel Gonçalves.
O fiscal é apontado pela Operação Carne Fraca como "líder da organização criminosa". No diálogo interceptado, Serraglio se refere a Gonçalves como "o grande chefe". "Ele (Serraglio) intercedeu por uma pessoa que ele chamou de grande chefe", comentou Valente. Para o deputado, é grave o atual chefe da Polícia Federal ter demonstrado "intimidade" com o suposto líder da organização criminosa.
O parlamentar disse que iniciará a coleta das 171 assinaturas necessárias para a criação da CPI na próxima semana e disse que a ação do grupo é "gravíssima" do ponto de vista da saúde pública. "Eles envenenaram a carne. Imagine o pânico na população", declarou.
Já Delgado - que foi o relator do processo de cassação dos ex-deputados José Dirceu (PT-SP) e André Vargas (sem partido-PR), ambos presos na Operação Lava Jato - lembrou que PMDB e PP são os partidos que integram o grupo que quer fazer a Reforma Política com financiamento público de campanha e lista fechada de candidatos.
Na avaliação do parlamentar, o esquema vai comprometer as exportações de toda a cadeia produtiva. "O Brasil é um grande exportador de carne, um grande fomentador do comércio internacional de carne bovina e isso vai comprometer seriamente, haja vista a queda das ações das bolsas dos maiores exportadores do Brasil", comentou.
O líder do PPS da Câmara, Arnaldo Jordy (PA), também acredita que o assunto evoluirá para a abertura de uma CPI no Congresso Nacional. "O Brasil acompanha, com perplexidade, o desencadeamento de uma operação policial para combater a corrupção e desta vez com a gravidade de que o suborno servia para acobertar fraudes contra o consumidor. E uma empresa que é alvo da Polícia Federal, a JBS, novamente aparece no meio do esquema", disse.
Em nota, o ex-líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), disse que denunciou ao Ministério da Agricultura em 2012 o ex-superintendente no Paraná, Daniel Gonçalves Filho, apontado pela Polícia Federal como líder da organização criminosa desbaratada hoje. Segundo Bueno, foi enviado um pedido de esclarecimento ao então ministro Mendes Ribeiro (PMDB-RS) sobre suposta ingerência do funcionário na liberação de produtos apreendidos. Ainda de acordo com Bueno, Gonçalves dava ordens para deixar de fiscalizar empresas no Estado, protegia grupos infratores, exonerava fiscais que não cumpriam suas ordens e teria montado um protocolo clandestino no Porto de Paranaguá.
"Fizemos o alerta sobre a atuação dessa quadrilha em 2012, três anos antes da PF iniciar a sua investigação. E pelo que estamos vendo, o ministério pouco ou nada fez em cinco anos para apurar o caso que hoje escandaliza todo o País", afirmou o deputado Rubens Bueno, que na ocasião repassou a denúncia do Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (ANFFA Sindical)..