A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou que impediu o ministro Moreira Franco (PMDB), atual secretário-geral da Presidência, de roubar quando ele integrava seu ministério. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, a petista usou o codinome de Moreira nas delações da Operação Lava-Jato para atacá-lo: “O Gato Angorá tem uma bronca danada de mim porque eu não deixei ele roubar. É literal isso: eu não deixei o Gato Angorá roubar na Secretaria de Aviação Civil”, afirmou Dilma. O ministro rebateu Dilma, classificando como “infundadas” as acusações.
A presidente deposta criticou também o presidente Michel Temer, a quem chamou de “fraco” e “completamente medroso”, além de dizer que “seu capítulo preferido” na Operação Lava-Jato são as perguntas que o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) encaminhou a Temer na Justiça Federal.
“Quando li a primeira vez, sabia quem era José Yunes (ex-assessor da Presidência). Mas lá está Cunha dizendo que quem roubava na Caixa Econômica Federal, no FGTS, é o Temer. Não tenho acesso às delações, mas sei o que é um roteiro. E lá está explícito o roteiro da delação de Eduardo Cunha”, afirmou Dilma. O Palácio do Planalto não se manifestou sobre os ataques de Dilma.
Segundo Dilma, ela avisou Temer, então vice-presidente, que Moreira Franco sairia, ao tomar conhecimento de “coisas absurdas” envolvendo o peemedebista. “Chamei o Temer e disse: ‘Ele não fica. Não fica!’ Porque algumas coisas são absurdas, outras não consegui impedir. Porque para isso eu tinha que ter um nível de ruptura mais aberto, e eu não tinha prova, não tinha certeza”, revelou a ex-presidente.
Moreira Franco foi ministro em duas áreas no primeiro mandato de Dilma: a pasta dos Assuntos Estratégicos de 2011 a 2013 e comandou a Aviação Civil até o fim de 2014.
Numa de suas páginas em rede social, o secretário-geral da Presidência afirmou que as acusações são infundadas. Segundo ele, foram os resultados econômicos negativos da administração Dilma que o fizeram sair. “Seu governo legou 12 milhões de desempregados. O nosso abre vagas com carteira assinada, depois de 22 meses em queda”, afirmou, questionando ainda a suposta falta de conhecimento da ex-presidente sobre “saques” na Petrobras.