O que vai definir os rumos da sucessão em Minas Gerais é o destino do governador Fernando Pimentel (PT). Se não houver novos adiamentos, o julgamento da ação que ameaça o mandato de Pimentel deve ocorrer em abril. Protocolada pelo DEM mineiro, ela discute a necessidade de autorização prévia da Assembleia para que o governador seja denunciado por crime pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e também a necessidade de seu afastamento do cargo após recebimento de denúncia. O PT, no entanto, aposta em um resultado positivo para que Pimentel possa seguir na disputa pela reeleição.
E enquanto o resultado não vem, o governador joga todas as suas fichas no interior do estado, onde sua rejeição, por causa dos desgastes do seu partido, é menor. Desde janeiro, Pimentel já visitou 15 municípios entregando viaturas ou inaugurando obras, uma média de uma viagem por semana. Na sexta-feira, esteve em Timóteo, no Vale do Aço. Amanhã vai para Santana do Paraíso, no Leste. Na semana passada, esteve no Vale do Jequitinhonha. O governador tem adotado um discurso pró-servidor público e contra as propostas do governo Temer (PMDB) que vão impactar a vida do funcionalismo público e em oposição à reforma da Previdência.
Apesar da crise e do déficit herdado do governo anterior, o líder do governo afirma que Minas tem conseguido pagar os salários dos servidores, obras estão sendo inauguradas e não há caos nos serviços públicos, como acontece em outros estados. Isso, segundo ele, credencia Pimentel a sair candidato novamente. De acordo com Durval, Pimentel também aposta no acerto de contas com a União para equilibrar as finanças, poder investir mais e quem sabe retomar o pagamento sem escalonamento do salário dos servidores.
Espera no PSDB
Em compasso de espera está o PSDB, que sonha com uma candidatura do ex-governador e hoje senador Antonio Anastasia. “Ele é um dos ex-governadores mais reconhecidos na história de Minas, tem conduta pública irretocável. É só ele querer que será o candidato”, afirma o secretário-geral do PSDB em Minas, deputado estadual João Vítor Xavier. Anastasia, porém, responde que não é o momento de se preocupar com sucessão. “As pessoas nas ruas não estão preocupadas com isso. Estão interessadas é em retomarmos o desenvolvimento do Brasil, nas reformas que, para isso, são necessárias. Temos de nos concentrar nisso para só no início de 2018 pautar o tema das eleições”, afirmou Anastasia ao Estado de Minas.
Xavier diz que todo partido grande almeja ter candidato, mas lembrou que as opções incluem o grupo que esteve ao lado do PSDB nos governos Aécio e Anastasia. “No PP a gente tem visto o Dinis trabalhar muito e temos que respeitar esse anseio e dialogar”, afirmou Xavier se referindo ao ex-presidente da Assembleia. Dinis Pinheiro foi para o sacrifício em 2014 e deixou de concorrer a uma reeleição ganha para a Assembleia para concorrer como candidato a vice na chapa derrotada do candidato a governador Pimenta da Veiga (PSDB). Na ocasião, Dinis Pinheiro deixou o PSDB e migrou para o PP a pedido do grupo de Aécio.
Essas não são as únicas opções da legenda. Caso Aécio não consiga concorrer mais uma vez à Presidência da República ou seja inviabilizado pelas investigações da Lava-Jato, ele também poderia disputar o governo de Minas. Os tucanos mineiros, porém, preferem evitar essa opção. “O Aécio é pré-candidato a presidente, mas é óbvio que, se por algum motivo quiser vir para o governo será grande nome e um favorito a ganhar a eleição”, afirma Xavier.
Outro horizonte no caminho do PSDB seria a hipótese de afastamento do governador Fernando Pimentel. Nesse caso, os tucanos apoiariam com facilidade uma eventual reeleição do atual vice-governador Antônio Andrade, que conspira quase abertamente pela queda do titular da pasta. Questionado sobre uma eventual aliança, o secretário-geral do PSDB disse que o partido conversa com a ala peemedebista de Andrade, com quem teve uma aproximação no segundo turno das eleições municipais. “É um partido com o qual dialogamos hoje e tem os nomes do próprio vice-governador Antônio Andrade e de Rodrigo Pacheco, que é um político emergente, com bom desempenho na eleição municipal”, avalia Xavier.
Cogitados nos partidos
Nomes se apresentam para a corrida ao governo do estado
PT
» O partido espera a definição do destino do governador Fernando Pimentel para definir seu papel na sucessão. Enquanto isso, o governador aposta no interior para fortalecer uma possível candidatura à reeleição, marcando presença cerrada em cidades polo do estado. Pimentel tem feito ao menos uma viagem por semana para inaugurar obras, entregar viaturas e assinar convênios. E já avisou às bancadas do PT e do PMDB na Assembleia que é candidato à sucessão.
PMDB
» O PMDB está rachado. Enquanto o grupo formado pela maioria dos deputados federais, alinhado ao vice-governador Antônio Andrade, quer candidatura própria, a bancada estadual trabalha por uma aliança pela reeleição do governador Fernando Pimentel
PSDB
» Derrotado no estado nas duas últimas eleições para prefeito (2016) e governador (2014), o partido aguarda a decisão da situação de Pimentel para se movimentar. Caso ele seja afastado, os tucanos podem se aliar à ala do PMDB ligada ao vice-governador Antônio Andrade (PMDB), rompido com Pimentel. Pode também lançar candidato próprio. O sonho dos tucanos seria uma nova candidatura do ex-governador e hoje senador Antonio Anastasia, mas, por enquanto, ele descarta essa possibilidade.
PSB
» O ex-prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda é pré-candidato ao governo do estado. Liderando a Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) e também o PSB no estado, ele tem feito frequentes viagens ao interior do estado para se tornar mais conhecido e conquistar apoios. Seu nome já foi lançado como pré-candidato ao governo pelo presidente nacional da legenda, Carlos Siqueira, que colocou a eleição em Minas Gerais como uma prioridade para o partido.
PHS
» O nome do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, também é citado como um dos pré-candidatos a governador. Dentro de seu partido, outro nome que aparece é o do prefeito de Betim, Vittorio Mediolli.
PP
» O PP tem como pré-candidato o ex-presidente da Assembleia, Dinis Pinheiro, que chegou a tentar emplacar seu nome como candidato em 2014, mas acabou sendo candidato a vice de Pimenta da Veiga (PSDB), derrotado por Pimentel no primeiro turno.